ODE

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

PERDERAM AS CHAVES DO INFERNO





Na França...Sim. Aquela mesma França que foi extremamente covarde diante dos  nazistas e brutalmente desumana em todas as suas colônias, com particular destaque para a Argélia, onde a França, sob o comando do general Jacques Massu criou "uma das maravilhas do Século XX: a tortura moderna". Como ninguém é santo o tempo todo, os argelinos foram paulatinamente sendo convidados para a honrosa e humanística missão de cobaias daquele nova experiência. Afinal de contas refiro-me a um povo que tem orgulho de sua decantada Revolução Francesa, momento de terror histórico que, de tanto se repetir no decurso do tempo, acabou se transformando em um verdadeiro espetáculo circense, “com uma média de cento e duas pessoas sendo decapitadas no centro de Paris...” especialmente e por ironia semântica na Praça da Concórdia. Depois do banho de sangue jorrar pelas ruas de Paris, eis que os franceses fizeram exatamente aquilo que sempre os notabilizou: a bagunça política e a mais absoluta ausência de régua e prumo morais para restabelecer uma sociedade minimamente estável. Não encontrando horizontes, a tal revolução da liberdade, igualdade e  fraternidade convoca um ditador militar, Napoleão Bonaparte, exatamente para barbarizar a Europa e humilhar todas as monarquias daquele continente. E há algo igualmente grave na Revolução Francesa: ela ter servido de modelo para vários outros levantes, que acabaram na deposição de muitos governos. A Revolução Russa de 1917 é um exemplo pronto e acabado disso. Pois bem,  se por um lado os franceses se orgulham de sua revolução sangrenta, que não resolveu absolutamente nada, nos momentos em que deveriam ter reagido contra as forças nazistas eles não só foram incapazes de defender a sua casa, como praticaram o crime abjeto de traição à pátria, chamado eufemisticamente de colaboracionismo. E são esses indivíduos que posam diante do mundo como verdadeiros vestais da moralidade,  e que ainda se acham os únicos professores de uma honra histórica que a própria história desmente. Quando eclodiu a Revolução Francesa, num burburinho de desigualdades sociais nunca visto, ocorreu a guerra de todos contra todos. E foi naquele preciso momento que foram abertas as portas do inferno para, posteriormente, ter-se como morto o porteiro e perdidas as chaves. E aqui  no Brasil a nossa bagunça institucional, nascida e alimentada pela apropriação do Estado em favor de grupos bem definidos, a cada dia avança contra a sobra do pacto social que  ainda nos resta, a sufocar as nossas liberdades individuais mais primitivas e sacrossantas.  Com esse engodo discursivo de pandemia, os aprendizes de ditador eclodiram da casca do ovo e passaram a atacar o povo, desavergondamente, sem o mínimo de pudor. A polícia, proibida de combater o crime organizado, agora serve de instrumento de fanfarronice para os governadores e prefeitos com contas a prestar aos titulares do voto. É o país do inverso e das inversões dos mínimos valores morais, onde todo malandro de arrabalde  é um seríssimo candidato a ditador, quanto menor for seu intelecto e condição moral. Eis no que nos transformamos! Pelo menos que nos reste a última e definitiva réstia de inteligência, para lembrar a história de um povo que, definitivamente, não serve de exemplo de honra bélica e de lembrança ética: o povo francês. A bagunça institucional jamais foi ilimitada em qualquer local da Terra. Que o falso heroísmo dos franceses não nos sirva de exemplo. Não poderemos dizer, como eles: "Perderam as chaves do inferno." E quando perdidas não há mais como fazer voltar os demônios que de lá saírem.


Wellington Marques Lima

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