As eleições de 2018 foram emblemáticas. Pareciam ser um
divisor de águas na política brasileira. Ressabiados com os últimos
acontecimentos, protagonizados pela famigerada “Operação Lava-Jato”, os
brasileiros se enfronharam todos e foram às urnas resolver a parada de uma vez
por todas. Políticos tradicionais se reuniram em um blocão e lançaram o então
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à presidência da
República. O PT, como sempre, no exercício de sua conhecida autossuficiência,
marchou sozinho com um candidato, Fernando Haddad, preposto de Lula que estava
na prisão.
Correndo por fora, surgiu a candidatura do capitão reformado
do Exército Brasileiro, Jair Messias Bolsonaro (PSL). Inicialmente, todos
pensávamos que o jogo eleitoral se polarizaria entre Alckmin e Haddad. Mas,
não. Logo no início da campanha notabilizou-se o afadigamento da candidatura do
PSDB e, o PT, em meio à sua mesmice, somado às gravíssimas denúncias de
corrupção contra seus principais quadros, não teve a mesma performance de
antanho e recebeu um não rotundo nas urnas.
De repente, uma peixeirada providencial catapultou a
candidatura do capitão e o levou ao segundo turno. Numa campanha em que, afora
a apologia às armas de fogo - uma pirotecnia que empolgou à metade da população
-, e um discurso de combate à corrupção, Jair Bolsonaro, que não apresentou
programa de governo, nem participou de debates televisivos, se apresentando
como representante da nova política, ganhou a eleição.
Na esteira desse discurso renovador, alguns Estados elegeram
governadores, noveis políticos, também com uma retórica anticorrupção. A título
de exemplo, citamos três deles: Wilson Witzel (PSC) no Rio de Janeiro; Carlos
Moisés (PSL) em Santa Catarina e Wilson Lima (PSC) no Amazonas. O primeiro foi
cassado por corrupção; o segundo sofreu processo de impeachment, escapando por
um triz e, o último, está na corda bamba acusado de malversação dos dinheiros
da Covid-19.
Quanto ao presidente Bolsonaro, após negar tudo o que
prometeu na campanha, aliou-se ao “centrão” (o que há de pior na política
brasileira) e, graças à sua incompetência no gerenciamento do combate à
Pandemia de Covid-19 e às baboseiras que profere de forma contumaz, despenca na
preferência popular e se vê, agora, na iminência de
sequer alcançar o Segundo Turno das eleições do próximo ano, em que tentará se
reeleger. Pelo visto, a nova política apodreceu cedo demais.
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