Semana passado foi iniciado um julgamento na Cidade do
Vaticano para apurar irregularidades praticadas por um cardeal da Cúria Romana
que, supostamente, usou o sagrado dinheiro da Santa Madre Igreja para a
realização de estripulias imobiliárias na Inglaterra. O cardeal italiano
Giovanni Angelo Becciu, conselheiro do Papa Francisco, promoveu o maior
escândalo financeiro quando usou dinheiro do Óbolo de São Pedro para comprar um
edifício, em Londres, por 220 milhões de libras (1,5 bilhão de reais), ao que
tudo indica, um negócio superfaturado. O cardeal nega a negociata e se diz
inocente.
A Santa Sé possui, ao redor do mundo, mais de 5 mil imóveis;
investe nas bolsas de valores; detém sociedade com indústrias; enfim, empreende
como qualquer outra organização com interesses financeiros. O Óbolo de São
Pedro é um fundo milionário constituído pelas doações dos fiéis católicos do
mundo todo, e os imóveis pontifícios são, em sua maioria, o espólio do que foi
tomado dos judeus pela Santa Inquisição. Tribunais do Santo Ofício tratavam
como hereges aqueles que não rezavam pela cartilha do Vaticano e, além de
queimá-los nas “fogueiras purificadoras” destituíam suas famílias de todos os seus
bens em benefício da Santa Madre Igreja.
De bom alvitre seria que os maiores inquisidores da história
estivessem ainda vivos para funcionarem como juízes do cardeal Becciu. Presentes, o espanhol Tomás de Torquemada; o francês Bernardo
Gui ou o italiano Roberto Bellarmino, o julgamento poderia até terminar em
fogueira purgatória, funcionando como um mea
culpa pelas atrocidades promovidas pela Igreja Católica durante séculos
contra aqueles que discordavam de seus dogmas e de seus ensinamentos. Sentado
no banco dos réus, o cardeal italiano, Angelo Becciu, agora representando a
Igreja do outro lado do balcão, pagaria pelos pecados cometidos pela mais
tenebrosa instituição religiosa do Ocidente. O feitiço virou por cima dos
feiticeiros. O tempo é o senhor da razão.
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