Há 199 anos era
proclamada a Independência do Brasil. Efeméride mais importante do nosso
calendário comemorativo nacional, o dia 7 de Setembro é a única data que é verdadeiramente
comemorada em todo o País, de forma alegre com paradas escolares e militares
que empolgam a todos em todos os recantos do Brasil, valendo a pena e
justificando o dia feriado. A nossa independência ocorreu de forma muito
peculiar. O Brasil é o único país da América Latina e um dos pouquíssimos no
mundo que se tornou independente sem lutas ou derramamento de sangue. A ruptura
incruenta foi articulada num âmbito quase familiar. Os grandes articuladores da
nossa emancipação em relação a Portugal não foram militares nem diplomatas, mas
sim a princesa Leopoldina (esposa de Dom Pedro I) e o estadista brasileiro José
Bonifácio de Andrada e Silva, grande articulador do movimento, o que lhe valeu
o epíteto de “Patriarca da Independência” e, mais tarde, por seu decisivo papel
no processo emancipatório, recebeu, em 11 de janeiro de 2018, através da Lei nº
13.615/2018, o título oficial de “Patrono da Independência do Brasil”.
O Grito do Ipiranga
O chamado “Grito do Ipiranga” foi dado em situação bastante
inusitada e inesperada. Dom Pedro, Príncipe Regente, se encontrava em viagem de
reconhecimento pelo interior do Brasil, na então Província de Piratininga
(atual São Paulo). Conta-se, a boca pequena, que o Príncipe buscava mesmo era
os braços da Marquesa de Santos que ali residia e que, alimentado de iguarias a
que não estava acostumado, foi acometido de uma indisposição intestinal, o que
lhe causou séria disenteria. Nesse estado de saúde, no momento em que estava
obrando, o príncipe recebeu mensagem escrita da esposa Leopoldina, dando conta
de que as Cortes Portuguesas exigiam seu imediato retorno a Portugal e que, a
partir dali, o Brasil seria considerado novamente como Colônia e não mais como membro
efetivo do Reino Português ao lado de Algarves. Incomodado com a caganeira e
irritado com o comunicado, arrancou de seu chapéu as fitas com as cores de
Portugal e gritou ainda acocorado: ”Independência
ou Morte!”.
A
história
Na verdade, a
Independência do Brasil se deu de forma muito pacífica e incomum. Podemos dizer
que não houve independência alguma, pois, o País era comandado pelo herdeiro do
trono português e, quando da saída do rei Dom João VI do Brasil, em retorno
para Portugal, este recomendou ao filho: “Se
o Brasil se separar de Portugal, antes seja para ti que me hás de respeitar, do
que para algum desses aventureiros”. Se compararmos com outros países talvez tenha
sido o Brasil a única grande Nação que nasceu de um parto doméstico, pois, o
proclamador de sua independência foi um português que já governava o País e,
após a separação de Portugal, continuou governando da mesma forma que vinha
fazendo antes, sem nenhuma ruptura ou modificação. Todo o processo aconteceu na
maior calmaria sem nenhuma solução de continuidade. Apenas três das dezessete
províncias (Pará, Maranhão e Bahia), registraram alguma resistência quanto à
nova ordem, o que foi sufocado com facilidade pelo duque de Caxias. O povo só
tomou conhecimento da nova situação quando tudo já estava consumado. O
inusitado da Independência se repetiria com a proclamação da República, em
1889, que também aconteceu à revelia do povo. Isso demonstra a passividade do
povo brasileiro que, desacostumado a resolver suas próprias coisas, em seu
conformismo, quando instado a fazer suas escolhas, no mais das vezes, dá com os
burros n’água. A apenas um ano da data em que se comemorará o Bicentenário da
Independência, estamos todos ainda deitados em berço esplêndido. Viva o Brasil,
para que viva o povo brasileiro.
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