Brasil: uma História –
A INCRÍVEL SAGA DE UM PAÍS
Eduardo Bueno
Este livro, publicado pela Editora Ática – São Paulo – 2003,
do escritor e jornalista gaúcho, Eduardo Bueno, sintetiza, em 447 páginas, os
500 anos da história do Brasil. Como não poderia deixar de ser, lá nas páginas
322/323, está contada também parte da história de Princesa. De forma sucinta, o
autor faz referência à Guerra de Princesa o que demonstra claramente a
importância daquela guerra civil em contributo à eclosão da Revolução de 1930.
Na página 322, Bueno escreve:
“Disposto a punir seu ex-aliado, o
‘coronel’ José Pereira – chefe inconteste da cidade de Princesa (hoje Princesa
Isabel, no sul da Paraíba) – João Pessoa bloqueara a fronteira entre seu estado
e Pernambuco, proibindo os moradores da região de comercializar com Recife (a não
ser que pagassem um elevado imposto estadual). Pessoa determinara que todo o
comércio deveria ser feito pelo porto paraibano de Cabedelo. Em fevereiro de
1930, o ‘coronel’ Pereira juntou 2 mil homens em armas e partiu para o
confronto com o governador, declarando, a ‘independência’ da cidade de Princesa”.
Na página seguinte, Eduardo Bueno anota que a guerra era (ironicamente)
do interesse dos líderes da Aliança Liberal, o que, antagonizando com o palácio
do Catete – que era simpático ao movimento rebelde -, poderia provocar a
intervenção do governo federal na Paraíba, o que daria o mote para o levante
revolucionário. A Guerra de Princesa, como fica demonstrado, era sim do
interesse dos conspiradores e foi uma peça importante no intrincado jogo
político que derrubou a República Velha, também chamada de “Café com Leite”:
“Na guerra civil em Princesa [João
Pessoa] também preferiu agir com cautela, uma vez que os líderes da Aliança
Liberal achavam que o Catete estava incentivando os rebeldes a fim de ter uma
desculpa para a intervenção militar na Paraíba”.
Realça ainda, o autor da obra em tela, a estreita amizade do
assassino de João Pessoa - João Duarte Dantas e sua família, com o coronel José
Pereira, destacando que aliados que eram, estavam assim em comum interesse quanto
ao conflito. Para o presidente Washington Luís, a Guerra de Princesa servia
como instrumento de vingança contra João Pessoa que se recusou a apoiar a chapa
oficial. Para os conspiradores da Aliança Liberal, a manutenção do conflito
poderia provocar a deposição do presidente paraibano. Na página 323, Eduardo
Bueno discorre sobre a fuga de João Dantas, da Paraíba para a vizinha cidade do
Recife e sobre o assassinato de João Pessoa:
“Havia três meses, vivia em Recife o
advogado João Dantas, que ‘fugira’ da Paraíba depois de se envolver no conflito
entre Pessoa e o coronel José Pereira. Para vingar-se do apoio que Dantas dera
ao coronel, aliados de Pessoa publicaram no Diário Oficial (A UNIÃO), cartas que Dantas enviara a
sua amante, a professora primária Anaíde Beiriz”.
Em que pese ser breve a referência ao episódio da Guerra de
Princesa, na visão do autor, reveste-se de importância por duas razões óbvias.
A primeira porque contida num compêndio resumidíssimo sobre a história do
Brasil e, a segunda, por tratar-se da pena de um dos maiores escritores brasileiros,
autor de vários best sellers.
Essencial o conhecimento dessa sucinta referência, o que nos dá compreensão da
dimensão daquele conflito que, sem dúvida, muito contribuiu para a eclosão da
Revolução de 1930. Isso é Princesa no contexto da historiografia brasileira.
Eduardo Bueno nasceu em 30 de maio de 1958, em Porto
Alegre/RS. É jornalista, escritor, tradutor e youtuber brasileiro. Bueno iniciou a vida profissional aos
dezessete anos, como repórter do jornal gaúcho Zero Hora, onde ganhou o apelido
de “Peninha”, mesmo nome do personagem da Walt Disney Productions que trabalha
no jornal A Patada. Lançou vários livros sobre a história do Brasil e algumas
importantes biografias. Atualmente, mora nos Estados Unidos da América.
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