No topo da montanha da
Serra do Livramento, hoje pertencente ao município de São José de Princesa,
está o Quilombo do Livramento. Esse aglomerado de afrodescendentes é formado
por descendentes de negros escravizados que fugiram dos canaviais da Zona da Mata
pernambucana ainda no século XVII. Ali instalados, a uma altitude de 1.135
metros acima do nível do mar, fincaram raízes e, até hoje, 90% dos que formam a
comunidade quilombola, são negros e guardam ainda o sangue e os costumes de
seus ancestrais.
Durante muitos anos, temerosos de serem descobertos e caçados
para um retorno à situação de escravizados, viveram completamente isolados
atendo-se à cultura de sua própria sobrevivência. No início, viviam em palhoças
por detrás das pedras, depois, construíram casas de pedras com chão batido (daí
a origem do coco-de-roda). Ainda hoje, trabalham a terra com cultura de
subsistência: milho, feijão, mandioca, cana de açúcar, etc. Somente na década
de 1940, foram descobertos pelos frades Carmelitas sediados em Princesa, quando
foram batizados e trazidos à fé católica com a garantia de liberdade.
O isolamento foi fundamental para a preservação de sua
cultura e tradições. O “coco-de-roda”, uma expressão cultural dançante é, ainda
hoje, executada pelos moradores daquele Quilombo. A maior expressão dessa
preservação, era a negra, Maria Marçal, que faleceu em 2011 aos 101 anos de
idade. Hoje, graças às providências tomadas pela prefeitura de São José de
Princesa, as crianças quilombolas estudam em escolas que lhes permitem tomar
conhecimento de suas origens e de sua cultura, o que lhes permite uma parcial
preservação de seu passado. Vale a pena conhecer o Quilombo do Livramento.
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