ODE

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

ANTOLOGIA DOS PRINCESENSES ILUSTRES


ANTÔNIO BELARMINO BARBOSA

 

ANTÔNIO BELARMINO BARBOSA, mais conhecido como “MESTRE BELINHO” nasceu na então Vila de Triunfo/PE em 21 de dezembro de 1864 e era filho de Antônio Porfírio Barbosa e de dona Maria Belarmino Barbosa Porfírio. Aprendeu as primeiras letras em casa e, depois, passou a estudar sob a orientação de um professor particular que instalou pequena escola naquela Vila pernambucana. Não chegou a concluir o curso primário, porém, muito inteligente e voraz leitor de livros sobre história e outros temas, logo se fez interessado também pelas artes. Ainda adolescente deixou a casa dos pais e foi residir em Matinha de Água Branca (atual município alagoano de Água Branca) onde morava um parente próximo (tudo indica que um tio materno). Ali se estabeleceu e logo se destacou pela sua afinidade com a arte da música. Ao completar 18 anos de idade, apaixonou-se por uma jovem cinco anos mais nova do que ele e começaram a namorar. Ao completar 20 anos, Belarmino casou-se com Maria Joaquina das Virgens Barbosa. Dessa união nasceram 16 filhos. 

O músico

Curioso que era, começou a frequentar os ensaios de uma pequena Escola de Música que existia em Matinha de Água Branca, que mais tarde transformar-se-ia na famosa Banda de Música “Santa Cecília”. Como não se poderia fazer outra coisa naquele ambiente senão manipular instrumentos musicais e conhecer partituras de música, com a sua inata vocação, logo, Antônio Belarmino, aprendeu a ler as anotações musicais e a tocar saxofone e clarinete. Em 1895 Belarmino resolveu mudar-se para Princesa e aqui estabeleceu residência até sua morte. Já com mais de 60 anos de idade e residindo em Princesa, Belarmino retornou a Água Branca onde, na qualidade de maestro, regeu a Banda de Música “Santa Cecília”. Erudito da música, nosso maestro publicou algumas composições musicais de sua autoria. Dentre essas composições - colhido do livro do escritor princesense Paulo Mariano: “Princesa – Antes e Depois de 30” – ideia – 2015 – 2ª ed. – João Pessoa/PB -, tomamos conhecimento das seguintes: ”25 de Dezembro”; “O América” e “Manoel Lima”.

O artista plástico

IMAGENS ESCULPIDAS EM MADEIRA E QUE SE ENCONTRAM NA IGREJA MATRIZ DE PRINCESA: SÃO MANOEL DA PACIÊNCIA; “SENHOR MORTO” E SÃO SEBASTIÃO

Antônio Belarmino notabilizou-se também como pintor, escultor e habilíssimo santeiro. Por motivo de suas várias e competentes habilidades, o artista que ainda jovem, recebeu o apelido de “Belinho”, teve acrescentado o título de “Mestre”, passando a ser conhecido por todos como “Mestre Belinho”. Em Triunfo/PE, onde residiu por algum tempo vindo de Matinha de Água Branca, trabalhou nas esculturas e pinturas da Igreja Matriz de sua terra natal, esculpindo também várias das imagens de santos, em madeira, que povoam aquela igreja. Em meados da efervescente década de 1920, época em que Princesa protagonizou várias manifestações culturais e artísticas, inclusive editando um manifesto fazendo ode a “Semana de Arte Moderna”, realizada em São Paulo, quando foi também criado o “Grêmio Literário Joaquim Inojosa”, dele participando o Mestre Belinho, que já morava em Princesa, terra do coronel Zé Pereira, ocasião em que participou de vários eventos culturais. Aqui se destacou, maiormente na execução das artes plásticas. Esculpiu todas as imagens (em madeira) que ornamentavam a antiga Igreja Matriz de Princesa, à exceção da imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho (ainda existente), que veio da Itália. Dentre várias, damos ênfase especial, em face da beleza clássica, às imagens de São Francisco; São Manoel da Paciência; Santo Antônio; São Benedito; São José; Nossa Senhora da Conceição; o Cristo crucificado e, mais especialmente ainda, à imagem do “Senhor Morto”. Todas essas obras de arte ainda se encontram expostas na Igreja Católica de Princesa. Além das imagens acima referidas, Mestre Belinho construiu também vários altares, em madeira, alguns deles folheados a ouro. Lamentavelmente, com a demolição da antiga igreja alguns desses altares, a exemplo do altar de São José e o de Nossa Senhora da Conceição, pereceram junto com a irresponsável e criminosa ação destruidora, virando entulhos. Graças à interveniência do sacristão João Mandú Neto, de saudosa memória, restou apenas um: o belo e rico em adornos artísticos, altar de São Francisco, hoje localizado na capela do Instituto Frei Anastácio. Além dessas esculturas, o grande artista princesense esculpiu, também em madeira, a belíssima imagem de Santo Antônio, padroeiro da cidade pernambucana de Carnaíba, onde está, até hoje, entronizado na Igreja Matriz daquela paróquia. Na qualidade de pintor, o mestre princesense desenhou e pintou vários cenários para peças teatrais.

O fim

Depois de vida tão pródiga em produção artística e cultural, foi acometido de uma doença que o prostrou no leito durante vários meses, vindo a falecer, em Princesa, o grande mestre, aos 71 anos de idade, em 06 de janeiro de 1936. O talento de Mestre Belinho revelou-se também em um de seus filhos, Numa Pompílio Barbosa, que, na qualidade de também músico e compositor, foi autor do famoso dobrado “Coronel José da Penha”. Seria grande injustiça que um artista com tanta competência, múltiplos talentos, criativo e habilidoso passasse ao largo da nossa história sem receber um mínimo que fosse de registro formal. Pela sua magnífica obra e pelo fato de haver escolhido Princesa para viver mais da metade de sua vida, e para seu repouso final, nada mais justo do que esse resgate histórico que reconhece Antônio Belarmino Barbosa, o nosso “Mestre Belinho”, como um dos principais e mais importantes filhos ilustres desta Terra.


 


                                   

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