ODE

sábado, 18 de dezembro de 2021

Falando de Arte

O negro Cipião

PAUL CÉZANNE (1866-68) - ÓLEO SOBRE TELA, 107 X 86 CM

 

Filho de um banqueiro, Cézanne estudou direito em Aix, mas, depois de conhecer as obras clássicas do Louvre, em Paris, e também Courbet (1819-1877) e Manet (1832-1883), resolveu dedicar-se à pintura. Até a década de 1880, sua produção apresentava traços românticos, inspirada, sobretudo, pelo lirismo e pela técnica pictórica de Delacroix (1798-1863), artista que estudou ao longo de toda a vida. Cézanne foi muito admirado por um restrito grupo de jovens artistas, embora tenha sido ignorado pelo público e rejeitado nas exposições oficiais. Desde 1899 até depois de sua morte, foi crescendo o interesse por sua obra, hoje considerada uma das bases da arte moderna. O modelo de O negro Cipião (1866-68) era um dos poucos profissionais negros nos ateliês de Paris. Intérpretes da obra associam-na aos debates abolicionistas da segunda metade do século 19 e comparam-na à conhecida fotografia americana The Scourged Back [As costas açoitadas] (1863), na qual o escravo Gordon aparece em posição similar, com marcas de açoite. Assim, o ritmo das pinceladas e os tons ganham novos sentidos – lembram os cortes na carne. A obra documenta um diálogo intenso entre a arte moderna e os conflitos sociais da época. A tela fez parte da coleção pessoal de Claude Monet (1840-1926). (Extraído do Guia do MASP).

 



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