O paraibano Marcelo Queiroga, que foi alçado ao posto de
Ministro da Saúde por obra e graça da amizade que cultua junto aos filhos do
presidente Jair Bolsonaro, embevecido com os tapetes de Brasília, não quer mais
largar o osso do poder. Inicialmente, sonhou com uma cadeira no Senado Federal.
Na impossibilidade desse voo de condor, porque se esqueceu de combinar com o
eleitorado paraibano, se apresenta, agora, satisfeito com a performance de uma
andorinha e vai tentar um assento na Câmara Federal.
Para conseguir seu intento, Queiroga já arrasta a asa para a
diminuta parcela do eleitorado paraibano que reza pela cartilha negacionista do
capitão. Feito um ventríloquo, no comando da saúde, o ministro inverte os
papéis. Ao invés de apontar as diretrizes da pasta e tentar convencer o chefe
da necessidade da adoção de medidas sanitárias em prol do combate à pandemia do
coronavírus, faz e diz o que o presidente manda porque isso agrada ao capitão.
Sem se importar com o que pode ser bom ou ruim para a
população, o paraibano, priorizando sua meta eleitoral, submete-se agora à
birra negacionista de Bolsonaro e aceita passivamente a decisão presidencial de
proibir a adoção do passaporte da vacina, chegando ao extremo de repetir a
frase do chefe: “É melhor morrer do que perder a liberdade”. Qual liberdade? A
de uns poucos negacionistas contaminarem os outros? Não sabe ele [Queiroga] que
o direito de um acaba quando começa o do outro?
Desde o início da pandemia, o presidente da República foi contra
tudo o que a ciência preconiza para o combate ao vírus: retardou a compra de
vacinas; esnobou o uso de máscaras; promoveu aglomerações; duvidou da eficácia
das vacinas, defendeu a cloroquina, enfim, tudo fez para atrapalhar o combate à
doença. Somente contratou para a compra de vacinas após a iniciativa do
governador de São Paulo em fazê-lo e sob a pressão da CPI da Covid.
Mesmo agora, diante da comprovação de que o número de
internações e de óbitos despencam por conta da massiva imunização, o presidente
insiste em negar tudo e, o ministro, igual papagaio, reverbera o negacionismo
do chefe. Soa ridículo saber que hoje, no Brasil, pode-se entrar, através dos
aeroportos, sem o certificado da vacina, mas não se pode hospedar num hotel,
nem jantar num restaurante, sem a apresentação do passaporte vacinal.
Mais ridículo ainda é saber que, enquanto o presidente enaltece os poucos que não acreditam na vacina, a grande maioria dos brasileiros aderiu completamente à imunização. Até ministros que despacham em gabinetes contíguos ao do presidente, tomaram a vacina escondido. Sem falar na primeira-dama, que deu uma escapadinha nos EUA e ofereceu o braço à agulha. O problema é que, despreparado para o cargo que ocupa, Jair Bolsonaro governa para os que pensam igual a ele e, com isso, cava sua própria sepultura e, certamente, levará consigo os que nele acreditam ou se fazem de crédulos para agradá-lo.
Parabéns, Dominguinhos, pelo texto, você tem se revelado um excelente comentarista político. Gosto da firmeza com que você escreve, sem maneirismos, sem vacilações, incisivo. A única nota desafinada dessa orquestra maravilhosa é a sua fissura em meter o pau em Ricardo Pereira. Você bate demais, acho que já o matou de tanta pancada, e ainda assim continua surrando o cadáver.
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