Chota: o motorista de Dominguinhos
Eu era presidente da Câmara Municipal de Princesa e viajava
sempre para João Pessoa. Não possuía carro, tampouco sabia dirigir e, para
tanto, usava os favores de amigos. Certa vez, convidei o também vereador Chota
para me conduzir, em seu carro, até a capital do Estado. Chota, que havia
ganhado o prêmio da Lotofácil, havia comprado um carrão, um Honda Civic, e lá
fomos nós. Resolvidos os negócios, retornamos no dia seguinte.
Naquela época havia, em vários pontos das rodovias do Estado,
postos da “Operação Manzuá”. Quando saíamos de João Pessoa, na altura de
Bayeux, um policial fez sinal para que estacionássemos no acostamento.
Dirigindo seu Honda Civic, Chota obedeceu e parou o carro. Abaixou o vidro da
porta e, o policial, não muito educado, foi logo dizendo:
- Os documentos, negão!
Enquanto isso, no banco contíguo, eu pus os óculos e comecei
a fazer-me que estava lendo um jornal. Verificada a documentação do carro e do
motorista, o policial devolveu os papéis a Chota e disse:
- Valeu, negão, tá tudo em ordem.
O policial agachou-se mais um pouco e, dirigindo-se a mim,
completou:
- Boa viagem, doutor!
Chota saiu numa arrancada e, puto da vida, foi logo dizendo:
- Mas, é foda mesmo, tu no meu carro, de carona, e esse
fresco me chama de negão e te chama de doutor, era o que faltava mesmo, não
venho mais nunca!
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