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sexta-feira, 22 de abril de 2022

Decreto do presidente Jair Bolsonaro pode incitar à desordem constitucional

Mesmo antes de transitar em julgado a decisão do STF que condenou o deputado Daniel Silveira, o presidente Jair Bolsonaro editou um Decreto concedendo a Graça do Perdão ao parlamentar condenado. É certo que esse instrumento é constitucional, porém, em se tratando de indulto a quem cometeu crime contra o Estado Democrático de Direito, isso soa um pouco esquisito e sua validade poderá ser submetida a análise do mesmo STF que condenou o deputado.

É entendimento da maioria dos profissionais do Direito Constitucional que essa medida, que concede o perdão ao deputado Daniel Silveira, se faz personalista quando se sabe que o condenado é um bolsonarista de carteirinha que, mesmo tendo jurado defender a Constituição, por mais de uma vez recomendou o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, defendeu a reedição do AI-5 e incitou seus simpatizantes a agredir ministros do STF.

A persistir a vigência desse Decreto indultor, estabelecer-se-á a anarquia. A partir daí todos, desde que sejam aliados ou simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro, poderão atacar os poderes constituídos, agredir ministros e fazer o que bem entenderem sem medo de punição alguma, uma vez ser, o poder do “mito”, superior a uma decisão colegiada da Suprema Corte. A persistir esse confronto entre os poderes, a democracia correrá sérios riscos.







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