Certa vez estava, o poeta princesense, João Paraibano,
participando de uma festa quando se excedeu na bebida e, por causa de ciúmes,
brigou com sua esposa, chegando a agredi-la fisicamente. Detido pela polícia,
na Delegacia, aos prantos, declamou, de improviso, esses primorosos versos:
Doutor, eu
sei que errei
Por dois
fatos: dama e porre
Por amor se
mata e morre
Eu nem
morri, nem matei
Apenas
prejudiquei
Um ambiente
de classe
Depois de
apanhar na face
Bati na flor
do meu ramo
Me prenderam
porque amo
Quanto mais
se eu odiasse.
Poeta mesmo
ofendido
Sabe
oferecer afeto
Faz pena
dormir no teto
Da morada de
um bandido
Se humilha,
faz pedido
Ninguém
escuta a voz sua
Não vê o sol
nem a lua
Deixar o
espaço aceso
Porque um
poeta preso
Com tantos
ladrões na rua?
Doutor, se
eu perder o nome
Não acho
mais quem empreste
A minha
mulher não veste
Minha
filhinha não come
E a minha
fama se some
Para nunca
mais voltar
Não querendo
lhe comprar
Mas,
humildemente peço:
Se puder,
rasgue o processo
E deixe o
poeta cantar.
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