ODE

sábado, 9 de julho de 2022

PAULO MARIANO E AS APURAÇÕES DE 1988

As eleições de 1988 em Princesa foram pródigas em fatos engraçados. Um desses fatos, particularmente, foi sobre as apurações nesse ano. Paulo Mariano, que foi escrutinador, tomando umas e outras no bar do saudoso “Gera”, logo após as eleições daquele ano, fez a maior galhofa com relação às apurações que acabavam de terminar. Ele próprio que já havia sido, por várias vezes escrutinador de apurações eleitorais (desta feita impedido de sê-lo novamente, pois, havia sido candidato a vereador), portanto credenciado para inventar a brincadeira que reproduziremos a seguir.

Muitos haviam sido os candidatos a vereador que não obtiveram êxito eleitoral. Dentre eles, o próprio Gera dono do referido bar, acompanhado de Zé de Ana, Ana de Benami, Pajé, Zé do Motor e até Paulo Mariano, dentre outros. Todos já muito revoltados com o resultado negativo nas urnas, cada um procurando a causa do insucesso ou o culpado pela derrota, ficaram ainda mais chateados e tristes quando souberam por Paulo, o que motivara suas derrotas, e que tinham perdido a eleição nas apurações.

Segundo Mariano, que dizia sentado à uma das mesas do bar de “Gera”, as derrotas de alguns candidatos teriam sido arquitetadas pelos escrutinadores: Marçalzinho, Braga, Ilo Cardoso, Eduardo Abrantes e este escrevinhador, dentre outros, que haviam formado um complô para prejudicar os candidatos acima citados. Agiam, segundo Paulo, esses “mafiosos” fraudadores, da seguinte forma: os votos que estavam consignados para os candidatos em tela eram adulterados pelos escrutinadores que acrescentavam ou suprimiam alguns caracteres aos seus nomes ou apelidos, alterando assim, a intenção do eleitor, o que o faziam da seguinte forma: Se o voto destinava-se para PAJÉ (apelido de Nivaldo Siqueira, bom companheiro e ex-vereador), por exemplo, eles acrescentavam segundo Paulo, o termo “RALDO”, formando a palavra ‘PAJERALDO’ e o voto era computado para Geraldo Rodrigues (que foi eleito); quando o voto era designado para ‘GERA DO BAR’, os tais escrutinadores alegavam que deveria esse voto, ser computado também para Geraldo Rodrigues, pois, este teria sido balconista do bar pertencente à sua prima Odívia Maximiano nos idos de 1960.

Essas histórias eram contadas na frente dos próprios candidatos derrotados, que ficavam irados com a informação por conhecerem aí o motivo do malogro eleitoral. Certa manhã, quando Benami Advíncola (camarada de constantes bate-papos naquele bar), adentrou ao bar de “Gera” para molhar a garganta, Paulo Mariano o chamou para uma mesa e começou a contar-lhe como se procedeu a apuração dos votos para vereador nas últimas eleições. Disse a Benami, o velho comunista, que quando o voto estava expresso, na cédula eleitoral, para sua esposa ANA – que deveria ser computado para Ana de Benami, uma vez que era ela a única candidata a vereadora com esse nome -, os escrutinadores acima mencionados, acrescentavam, antes do nome de ANA, a expressão “ZÉ DE”, ficando manifesto o voto para “ZÉ DE ANA”, em prejuízo da candidata. Já no dia seguinte, ao avistar o ex-candidato Zé de Ana passando em frente ao bar do Gera, Paulo Mariano o chamou e contou-lhes que sua derrota fora provocada pelos apuradores em tela, uma vez que, quando encontravam um voto assinalado com o nome “ZÉ DE ANA”, apagavam, com uma borracha de tinta, a expressão ”ZÉ DE”, deixando somente “ANA”, sendo, assim, o voto, computado para a esposa de Benami.

Dessa forma, fez Paulo Mariano a intriga de alguns candidatos com os escrutinadores o que perdurou por muito tempo. Essa subversão promovida pelo comunista, causou sérios problemas. Com Eduardo Abrantes, por exemplo, ele quase foi às vias de fato. Felizmente, com o passar do tempo, tudo terminou em paz. Os derrotados perceberam a brincadeira de Paulo e se conformaram. Dada a repercussão do caso, os escrutinadores envolvidos nessa falácia de Paulo – inclusive o próprio -, foram, pelo Juiz Eleitoral, excluídos de participarem das apurações futuras, principalmente Paulo que, além dessas estripulias, levava sempre, para o local da apuração, uma garrafa térmica contida de “cuba libre” (a mistura de Ron Montilla com Coca-Cola) para beber, durante os trabalhos, como se fora café. Paulo Mariano foi embora de Princesa para João Pessoa, a tranquilidade eleitoral voltou a reinar e as raivas arrefeceram com o tempo, mesmo porque, com o advento das urnas eletrônicas, a fraude deixou de existir nas eleições brasileiras.



 

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