ODE

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Diário de um apenado

 

- LITERATURA DE CORDEL -

PROJETO DESENVOLVIDO NA CADEIA PÚBLICA DE PRINCESA ISABEL-PB PELA PROFESSORA JOSEANE ANDRÉ.


MINHA HISTÓRIA, MINHA VIDA

SONHOS E PERSPECTIVAS

(Diário de um apenado)


Tem dias que eu nem sei

O que sou ou o que tenho,

Falta alegria, vontade

Falta esperança e empenho,

Nessa vida de marasmo

Ta faltando entusiasmo

Que nem sei mais de onde venho.


Mas tem dias que me acordo

Com uma saudade danada,

E o que eu gosto de fazer

Pra dar uma aliviada,

É para um retrato olhar

Para a saudade abrandar

Da minha família amada.


Também gosto de ocupar

Minha mente pra fazer,

O tempo passar depressa

E também eu me entreter,

Pois assim é uma maneira

De não pensar em besteira

E de não enlouquecer.


Pois meu desejo maior

Com toda sinceridade,

É eu encontrar de novo

A minha felicidade,

Para abrir o meu sorriso,

Mas antes disso preciso

Alcançar a liberdade.


Porque nada é mais precioso

Que poder andar liberto,

Sentir a brisa do vento

Ver a família de perto,

Os passarinhos voando

Amigos se encontrando

E o céu todo descoberto.


Depois daí prosseguir

Com minha família ao lado,

Ser útil em alguma coisa

Como já fui no passado,

Recomeçar com coragem

Sabendo que na viagem

Meu Deus vai tá do meu lado.


Aos meus amigos de fora

Que aqui também estão,

Por algo que foi preciso

Receber uma lição,

Que fique algo concreto

Pra gente seguir correto

Numa nova direção.


É preciso nessa andada

Saber escolher os trilhos,

Para a nova caminhada

Que não vai ser só de brilhos,

Principalmente os que tem

Mulheres que querem bem

Juntamente com seus filhos.


Os que não tem matrimônio

Tem sua família amada,

Essa vai estar feliz

Na sua nova jornada,

Pra isso fez muita conta

E agora mesmo está pronta

Para a nova caminhada.


Aqui só vamos deixar

A saudade ‘matadeira’,

De quando a gente lembrava

Nossa família fagueira,

E sem poder fazer nada

Com a alma dilacerada

Sofria a semana inteira.


Mas também tinha um alívio

Algo que até confortava,

Era quando nas visitas

Nossa família encontrava,

A gente podia rir

Contar histórias, ouvir

Sem nem lembrar onde estava.


Mas chegou à pandemia

E a gente sofreu demais,

Por causa disso acabou

Visitas presenciais,

Só sobrou o celular

Pra gente se comunicar

Ganhar um pouco de paz.


O aparelho cedido

Para se comunicar,

Partia da direção

Que tinha alguém pra ligar,

Era tudo cronometrado

Quatro minutos, marcado

Para cada um falar.


Aqui quero sepultar

As angústias e os rancores,

As mágoas com as tristezas

Os ódios e os dissabores,

Porque quando eu sair

Só precisa me seguir

Meus sonhos e meus amores.


Eu quero que venha também

Junto as minhas fantasias,

Perspectivas, comoções

Emoções e alegrias,

Sentimentos e esperanças

Os projetos de mudanças

Certezas pra novos dias.


Quero sonhar com o futuro

Livre, leve e promissor,

Onde eu possa me encontrar

No homem trabalhador,

Honesto, justo, capaz

Firme nos seus ideais

Remodelado no amor.


Eu também quero contar

Da dor e do desconforto,

Do futuro que é agora

Do pensamento absorto,

Quero falar da vitória

Porque um ser sem história

É praticamente morto.


Esse cordel relatou

Que é possível trabalhar,

As emoções que fazem parte

De um Currículo Escolar,

E que está magistral

Firme na Base Nacional

Comum Curricular.


Que essas histórias não tem

Em nenhum livro didático,

Só no livro das emoções

Rotineiro e pragmático,

Que isso é educação

Feito com afeto, emoção

Enternecendo o dramático.


Poeta cordelista

Rena Bezerra



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