Os homens se dividem entre os que acreditam na imortalidade da alma e aqueles que crêem numa vida finita. Os primeiros fundamentam a sua crença naquilo que lhes foi passado pela cultura dos antepassados e em vários argumentos doutrinários, quer venham dos costumes ou do estudo acadêmico.
Os últimos tomam como fundamento a razão e todo um conjunto de ideais que se convencionou denominá-lo de pensamento racional. A grande indagação não consiste em saber qual, dos dois grupos, esteja realmente certo; até porque não estamos transitando no laboratório da certeza universal. A pergunta que convém ser feita consiste em saber: o que traz mais felicidade ao homem, a esperança de que a sua breve existência na Terra trata-se apenas de um rito obrigatório de passagem a um plano superior e definitivo de existência, ou nascemos realmente para morrermos, definitivamente?
E aqui surge a indagação no sentido de se buscar qual seria, das duas hipóteses, a que traria mais alento e conforto à existência humana. Enquanto o ateísmo busca entregar "uma verdade" pretensamente científica aos seguidores desse pensamento, os crentes acenam com um universo oposto e que se fundamenta, no mínimo, na esperança de algo que supere a realidade passageira e já conhecida da existência humana.
Poder-se-ia imaginar que os ateus seriam mais verdadeiros e, às vezes, cartesianos em suas deduções. Mas, insisto, estamos no plano das hipóteses e infinitamente distantes de quaisquer certezas, para ambos os lados. E se não temos sequer certezas acerca de nós mesmos, de nossas reações diante de determinados fatos do nosso cotidiano, como poderemos ter a veleidade de sermos certos diante da maior indagação humana?
Tudo isso lembra a história do adolescente revolucionário que pretende transformar e arrumar o mundo, ao tempo em que se apresenta incapaz de arrumar os lençóis da cama que dorme, na manhã do dia seguinte. Eu tenho pouquíssimas certezas e muitas sensações.
Sinto, por exemplo, que enquanto o ateísmo se compromete com uma certeza que jamais poderá entregar a seu pretenso destinatário, a fé busca uma certeza, que também não consegue provar, mas, ao contrário do ateísmo, totalmente desprovido do mínimo de esperança, a busca da transcendência, mesmo que não alcance seu fim pretendido, termina por preencher vazios com possibilidades e esperanças.
Wellington Marques Lima
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