Refém do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP), o
presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), depois das contrariedades que sofreu
durante esta semana que se finda, resolveu virar o jogo. Agora, quem vai
negociar, diretamente, com os deputados é o próprio Lula. É um jogo perigoso
porque o presidente vai ter de peitar Lira e isso pode lhe trazer mais
problemas; pode até romper o tênue laço que ainda os une. Em política tudo é um
risco e Lula tem capacidade demais em fazer articulação. Ele mesmo disse: “Em
política nós temos de conversar com pessoas de quem não gostamos e que não
gostam da gente”.
Esse problema advém do mal crônico que castiga a política
brasileira: o toma-lá-dá-cá, o famoso balcão de negócios. Nós temos um sistema
presidencialista que funciona como se fora parlamentarista. O presidente da
Câmara dos Deputados detém muitos poderes e o exerce em busca de atrapalhar a
governança com o fito de barganhar. Isso se exacerba agora quando temos um
Governo de esquerda e um Parlamento majoritariamente conservador. Além disso,
brigas paroquiais, como a de Arthur Lira com Renan Calheiros lá em Alagoas,
anuviam ainda mais o cenário.
Nesse saco de gatos, o remédio seria a instituição do sistema
parlamentarista. O parlamentarismo preconiza um Governo essencialmente de
maioria, comandado por um primeiro ministro. O que temos no Brasil é um
presidente da Câmara Federal empoderado pelo famigerado Orçamento Secreto, que
não existe mais, mas que deixou todos viciados. Em busca do retorno desse status quo, a Câmara dos Deputados
empareda o Governo em busca de cargos e de recursos e, com isso, quem perde é o
povo brasileiro.
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