Se essa pergunta fosse feita a 50 anos atrás, a resposta seria, sem dúvida: não. Hoje, porêm, o mais correto é dizer: bem, pode, mas não deve. Isso mesmo. O bom católico, aquele que se diz contrito e que aceita e pratica os preceitos da Igreja Católica Apostólica Romana, não pode jamais sequer pensar em fazer parte da associação secreta chamada Maçonaria. Contudo, porém, todavia, nos tempos de hoje, quando impera um verdadeiro relaxamento quanto ao cumprimento dos ditames religiosos, muitos católicos - até aqueles contumazes frequentadores das missas e dos rituais da Igreja - estão associados à Maçonaria e, a Igreja, fazendo jus à velha e conhecida hipocrisia, faz também vistas grossas a isso como se nos seus cânones não constasse uma tácita proibição de homens católicos serem membros da Maçonaria.
Alias, não se trata simplesmente de uma proibição. São mais de 20, as Bulas papais (equivalentes a decretos), expedidas pelos pontifices ao longo dos últimos três séculos, que não só proíbem, mas decretam a automática excomunhão dos homens católicos que se associem a essa sociedade secreta. A primeira Bula foi exarada pelo papa Clemente XII em 1738 (In eminenti apostolatus specula) e, a última em 1902 pelo papa Leão XIII (Annum ingressi). Existem mais bulas condenando a Maçonaria do que contra o Comunismo. Em fins do século passado, o então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Joseph Ratzinger (futuro papa Bento XVI), expediu um documento, em 26 de novembro de 1983, declarando sobre a Maçonaria: "Os fiéis que pertencem às associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão". Ou seja, são excomungados.
Como vemos, até hoje, a pena para católicos que se associam à Maconaria é a de excomunhão, ou seja, um interdito que afasta o fiel da recepção dos Sacramentos (principalmente Comunhão e Confissão). A animosidade entre a Igreja Católica e a Maçonaria é centenária. Desde a fundação da Maçonaria moderna, em 1717, quando foi instalada a primeira Loja Maçônica na Inglaterra, a Igreja de Roma tem se colocado contrária a essa sociedade secreta que tem como lema: "Liberdade, Igualdade e Fraternidade". Em que pese essa aversão da Igreja, comentários extramuros dão como certa a associação de alguns padres, bispos e até papas à Maçonaria. Afirmam alguns, que o papa Paulo VI era simpaticíssimo à Maçonaria, enquanto o papa Pio IX (pontifice que instituiu a infalibilidade papal) era um feroz inimigo dessa sociedade secreta. A única coisa que têm em comum (Igreja e Maçonaria) é a exclusividade masculina quando, ambas, não permitem a participação de mulheres no exercício de seus ministérios, um verdadeiro "clube do bolinha"
No entanto, a animosidade da Igreja em relação à Maçonaria arrefeceu ao longo dos tempos. Depois das reformas instituídas pelo Concílio Vaticano II, quando houve um aggiornamento (uma verdadeira revolução nos costumes da Igreja Católica), as coisas mudaram. Hoje, a Igreja, no afã de manter seus fiéis e diminuir a sangria desatada em favor dos credos evangélicos, faz vistas grossas a muitas das manifestações paralelas de seus seguidores. Ademais, as diferenças entre Igreja e Maçonaria têm diminuido, em grande medida, pelo fato de a Santa Sé ter-se precavido, nos últimos tempos, de envolver-se em assuntos civis e também pela desimportância e banalização da Maçonaria quando, perdida em sua essência, sequer prima mais quanto à qualidade na aquisição de seus quadros. Na verdade, o católico pode ser maçom, mas não deve, sob pena da excomunhão automática.
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