ODE

domingo, 28 de janeiro de 2024

Domingo eu conto

 

Por Domingos Sávio Maximiano Roberto

A “Rua Grande” que conheci 

Passeando pela minha memória, a exemplo do que escrevi sobre a “Rua Nova”, hoje resolvi rememorizar o casario e os moradores da Rua Coronel Marcolino, conhecida pelos mais velhos como: “Rua Grande”. Não é aquela a mais antiga (a primeira via pública de Princesa é a “Rua Major Feliciano”), mas a principal artéria da cidade. Ali aconteceram coisas várias e relevantes; residiram pessoas de alta importância; funcionou e funciona, até hoje, como o centro comercial de Princesa e, portanto, se constitui a mais importante rua da nossa cidade.

Começamos pela hoje esquina de “Zé Galego”. Ali, funcionava a bodega de João Rosas, procedida pela mesma atividade que foi comandada por “Vavá de Fófa” e, agora, por Zé Galego, o que já se completam mais de 50 anos. Vizinho à bodega, existia a casa do casal João Rosas e dona Nininha, pais de Dodora, Corrinha, Graças, Djalma, Rosângela, Edvaldo, Hildebrando e Silvana. Onde era essa casa, está hoje instalada a bodega dos filhos de “Chico da Várzea”. Em seguida, tínhamos o Cartório do 2º Ofício do tabelião Marçal Lima Neto e sua casa ao lado. Marçal, era casado com dona Nancy e pai de Wilma, Veronese, Wellington e Marçalzinho. Depois, nesse local, funcionou a sorveteria de Elizeu Pires e hoje, aloja a lanchonete de Carminha Salvador.

Encostado, existia um sobrado onde morou Cláudio Pinheiro (pai de Antônio Dellano) e depois as “Pintos” e, antes de ser demolido para dar lugar à atual farmácia de Zé Frazão, funcionou como o hotel de dona Corina e a sorveteria de “seu” Zé Soares. Parede meia com o sobrado, a casa de Miguel Rodrigues, marido de Juanita Cardoso e pai de Ilo, Edi e Zé Alberto. Essa casa foi também a residência de Veri Virgulino que, demolida, em novo prédio, funciona ali uma loja de materiais de construção e um prédio onde está instalada uma pousada. Pegado, existia um imóvel, com uma fileira de portas amarelas, onde residia “seu” Pedro Crente e, ao lado, o hotel (café) de Amália Gregório. Vizinha, estava a casa da “moça velha”, Maria Liberalquino, exímia artesã no fazimento de flores artificiais.

Depois daí, o consultório odontológico de doutor Paulo Frazão seguido da casa que pertenceu ao patriarca da família “Frazão”, o major José Frazão, onde morava sua viúva, dona Ana. Encostada, estava a farmácia de José Frazão Filho, onde sua irmã Rosinha (que faleceu precocemente) trabalhava e nos presenteava, quando crianças, com os frascos vazios de penicilina, o que nós transformávamos em soldados de brinquedo. Continuando a descida, encontrávamos a Mercearia/Bar de Mirô Arruda, que era pegada à loja de Hermes Maia, onde se comercializa tecidos.

Depois de Hermes Maia, a loja de tecidos de Belo Maia e, depois, a loja de seu neto, Guilherme Maia, onde se vendia todo tipo de utensílios domésticos. Mais tarde, esse prédio abrigou o bar e boate “Le Bartô” do professor e promoter, Bartolomeu Maia que, nos anos 70 e 80 era o point da juventude princesense, com luz negra e tudo. Vizinho, estava o bar de Zé França seguido da loja de tecidos de Toinho Samuel, casado com dona Nanete, pais de Graças e Marcos. Nesse local, funcionaram também mais tarde, a loja de tecidos de Zé Pires, casado com dona Cecília, pais de Geraldo, Carminha, Dionê e Socorro e, já na década de 80, a loja, também de tecidos, de Elizeu Pires esposo de dona Terezinha e pais de João Aurélio, Fátima, Rosineide, Roseane, Rosane, Valquíria, Júnior e Claudinha. Esses três comerciantes residiram com suas famílias na casa existente ao lado da referida loja.

Em seguida, o escritório da COBAL que era gerido por Cícero Marrocos, onde funcionou, depois, a farmácia de Edezel Frazão e, mais tarde, o escritório da SAELPA. Vizinho, era a residência e o café de dona Hosana Sitônio onde era servido um delicioso doce de leite. Nesse imóvel funcionou também o primeiro Conselho Municipal (Câmara Municipal) de Princesa. Continuando a descida, deparávamo-nos com um quartinho que abrigava a sapataria de “seu” Apolônio Campos, seguido de sua residência onde morava com sua esposa dona Tereza e os filhos: Wilson, Durval, Celizete, Raimundo, Fernando, Narcizo, Nilson, Batista, Mazé e Socorro. Pegado a Apolônio, uma pequena casa onde moraram muitos, porém, lembro-me apenas do casal Expedito e Rita a quem chamávamos de “Maíta” e que eram pais de: Anchieta, Lia, Tô, Sales, Bosco, Dorinha e Neto. Ali morou também Pedro Sobreira e dona Amanda Duarte, pais de Camilo e Luísa.

Na esquina da Travessa José Ferreira Dias (“Ferreirão”), estava a casa da viúva Jandira Góis onde residia também seu filho, o antológico Zé Gois e sua irmã Cleonice. Zé Góis gostava de sentar à calçada, numa cadeira de balanço a observar e falar de todos que passavam; era como ele próprio dizia: uma figura “indeletéria”. Onde hoje é a Travessa Ferreirão existia uma casa que foi demolida no governo do prefeito Chico Sobreira, nos anos 70 para dar lugar a essa travessa. Nessa casa nasceu o ilustre cientista princesense Osvaldo Travassos de Medeiros - sem dúvida o oftalmologista mais famoso da Paraíba e um dos maiores do Brasil.

Onde hoje funciona a galeria “Alexandrina Pereira”, era a residência do coronel Marçal Florentino Diniz - sogro do coronel Zé Pereira – e se constitui o imóvel mais emblemático de Princesa por ostentar, ainda hoje, sua fachada ornamentada com azulejos portugueses. Ali residiu também o sargento Armando; funcionou por longo tempo, a Rádio Princesa; morou o fotógrafo Inácio Dias e o então prefeito Assis Maria. Esse prédio, com seu interior totalmente descaracterizado, funciona como uma galeria de lojas. Em seguida, a casa onde moraram Abrão de Barros Diniz e Carminha Pires, pais de Zé Neto, Zé Ivan e Diniz.

Pegado a essa casa, existia um chalé onde residiram alguns juízes e promotores à exemplo do doutor Bento. Hoje, está ali instalada a farmácia de “Mano”. Continuando o nosso périplo, encontramos o prédio que abrigava a padaria de Chico Sobreira que depois pertenceu a Chico Antas e também a dona Neves Salvador e hoje acolhe uma loja de tecidos, tendo ao lado, a casa onde mora sua última proprietária. Vizinho estava um salão - pertencente ao meu pai - onde existiam várias mesas de sinuca e bilhar. Nesse prédio, funcionou também, por algum tempo, o Fórum, o Clube Recreativo Princesense e também, década de 80, o bar/restaurante/boate “Maximianu’s”.

Continuando a descida, a casa do grande músico e compositor princesense, Manoel Marrocos, casado com dona Calú e pai de: Alcides, Andrade, Leomarques, Marroquinho, Edmundo, Dóris e Neto. Depois, a casa onde moraram Aparício Duarte e dona Celina, pais de Sônia e Carminha. Em seguida, a casa de “seu” Dezinho Arruda e dona Lourdes, pais de Elenildo e Zeneide. Em seguida, encontrávamos a residência de “Dudu”, minha prima legítima e mãe da saudosa Chiquinha e seus irmãos: João, Chico, Geraldo, Tatá e Celeide. Encostado a Dudu, a casa de Moisés Duarte e, em seguida a residência do coletor estadual Mirabeau Lacerda e dona Titica onde moravam com os filhos: Isabel, Neno, Melinha, Ângela, Corrita e Cândida.

Na esquina, a casa e a lanchonete de outra prima, Odívia Maximiano, onde eram servidos doces de vários tipos, saladas de frutas e picolés de suco de laranja enfiados em palitos de dentes. Ali moravam também, seus irmãos Joaquim e Aldenite, algumas tias velhas e Vavá e Totinha, filhos de Antônio Soares, seu cunhado. Uma rua (Tenente Oliveira, antiga “Rua do Ferreiro”) separava a casa de Odívia da bodega de Adauto Duarte casado com dona Maria e pai de Cícero, José e Detinha.

Depois, o que eu me lembro, o “Bar do Bode” de Dão Mandú e Ana. Ao lado, a lanchonete de Miguel Severo, onde hoje funciona o Cartório do 2º Ofício. Encostado, existia um grande imóvel que abrigou o chamado “Hotel de dona Isaura”, avó de Coimbra Maia, o mesmo imóvel onde nasceu o grande tribuno princesense, Alcides Vieira Carneiro. Vizinha à casa onde nasceu Alcides Carneiro, estava a casa do casal Neco Estima e dona Olívia, pais de José, Auxiliadora e Vanila, onde hoje está instalado o supermercado “O Varejão”. Finalizando esse lado da Rua Grande, a residência do ex-vice-prefeito Miron Maia casado com Socorro e pai de Coimbra, Cidilene e Sales. Nessa mesma casa, residem, hoje, seu filho Coimbra Maia, esposa e filhos.

O outro lado da Rua Grande começava com a “Padaria Borborema” pertencente ao senhor Rafael Rosas. Depois daí, a bodega de João de Rita parede-meia com a casa onde morava com sua esposa Nita. Seguindo, encontramos a casa e a oficina do folclorista e artesão Joaquim Gomes, onde fabricava silos de zinco. Vizinho estava o primeiro posto de combustíveis de Princesa: a “Bomba de Zé de Horácio”. Ao lado, a casa do comerciante Waldemar Abrantes onde morava com sua esposa dona Maria e seus filhos Eduardo e Pedro; encostado à casa, sua loja de tecidos. Atravessando a “Rua Juarez Távora”, encontrávamos, na esquina, o prédio onde funcionou um clube social e, posteriormente o Fórum, onde hoje está instalado o Ministério Público Estadual.

Logo ao lado do que é hoje o Ministério Público, o Cartório de João Barros, que pertenceu antes ao tabelião Zacharias Sitônio. Pegado ao Cartório, estava casa do comerciante do ramo de tecidos e ex-vereador, Antônio Carlos Costa que era casado com dona Calú e pai de: Vanildo, Nivaldo, Nilva, Dinalvo e Dilva. Encostado, morou Zé Taenga que era casado com dona Dália e pai de Maria. Em seguida, a casa do comerciante Orlando Parajara Duarte e de sua esposa Maria Ozita que eram pais de: Nezinho, Neném, Dorinha, Eliane, Arnaldo e Carminha; nesse imóvel funcionou também, entre 1949/1950, o Ginásio “Nossa Senhora do Bom Conselho”. Em seguida, estava a casa de Hermes Maia onde, tempos depois abrigou o casal Arlindo Silva e dona Ana.

Imediatamente adiante, estava a casa de Toinho de Frade e dona Luísa Diniz. Vizinho, a majestosa casa de “seu” Manezim Pereira casado com dona Lourdes e pai de Ceinha, Mundinho, Pacú, Boneca, Ninha, Bôza e Pedrinho. Continuando, o sobrado de Chiquinho, seguido do sobrado onde morou o ex-prefeito Antônio Maia e sua esposa dona Toinha com os filhos: Glicério, Lucinda, Guilherme e Alexandre. Felizmente, esses dois sobrados, tombados pelo Patrimônio Histórico Estadual, estão preservados em sua originalidade.

Continuando a subida, estava a casa do Coronel José Pereira Lima que, vendida aos frades Carmelitas, em 1938, se transformou num prédio para abrigar o cinema (onde hoje funciona a loja “Moda K”) e o Convento daqueles religiosos, o que ainda hoje existe. Vizinho estava a casa de Elizeu Patriota e sua esposa dona Elisa que eram pais de Inês, Zefinha, Véi, Maria e Terezinha. Em seguida, a residência do japonês que foi o tesoureiro da Guerra de Princesa e industrial do algodão, Eije Kumamoto casado com dona Marly Duarte, pais de Ítalo, Bebé, Erinha e Edinho.

Parede-meia com a casa do japonês, a casa onde morou “seu” Manoel Cardoso, depois, dona Antônia Gastão e, por fim, Miguel Rodrigues e dona Juanita Cardoso (a primeira e única mulher, até hoje, a assumir a prefeitura de Princesa). Na esquina, um prédio centenário onde funcionou a loja de tecidos do meu pai, o major “Nequinho” e, depois, a loja de Miguel Rodrigues e, mais recentemente, o bar e restaurante “O Botequim”.

Atravessando a rua, está a então chamada “Casa de Feira”, um grande imóvel, solteiro de vizinhos, construído no final do século XIX, onde funcionava o que se pode dizer: o shopping Center de Princesa, pois, ali se instalava: a loja de miudezas de João França, o hotel de João do Guirra; a loja de Marçal Brabo; o bar de Chico França, a torrefação de café de Milton Bandeira (genro de Zé de Quincas) dentre outros estabelecimentos comerciais de que não lembro.

Para terminar, tínhamos a antiga igreja Matriz que foi criminosamente demolida e, no seu lugar, foi construída a Praça Coronel José Pereira Lima. Para deleite dos saudosistas, está aí mais uma descrição que traz à nossa memória um retrato da Princesa do passado mais recente.



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