O país da declaração dos Direitos Universais, a França,
fazendo jus ao seu habitual vanguardismo em matéria de Direitos Humanos,
aprovou emenda constitucional tornando o aborto um direito de todas as mulheres
até a 12ª semana de gestação. Isso já era lei naquele país desde 1974, mas
agora é matéria constitucional. É a França, o primeiro país no mundo a tomar
uma iniciativa dessa natureza sobre um tema polêmico que divide opiniões mundo
afora.
O aborto é motivo de discussões as mais acirradas envolvendo
conceitos sociais e religiosos, o que faz do tema um tabu para muitos e um
direito para outros tantos. Na verdade, o que move os que são contrários à
prática do aborto, é mesmo a hipocrisia, uma vez que esse procedimento nunca
deixou de ser realizado ao longo dos tempos e, por ser ilegal na maioria dos
países, no mais das vezes é praticado da forma mais tosca possível.
Os que são contrários ao aborto, usam do argumento de que é
um crime hediondo porque praticado contra a vida de quem não pode se defender.
Para os que defendem a interrupção da gravidez, a alegação é a de que a prática
deve ser um direito de todas as mulheres e com a devida assistência
médico-hospitalar num aparato que lhes garanta segurança de vida.
Na verdade, tanto o aborto quanto o controle da natalidade de
forma artificial, são condenados pelas várias religiões e, pelo menos o
primeiro, abominado pelo pensamento dos conservadores. O que se vê na prática,
no entanto, é um exercício de completa hipocrisia quando, a grande maioria dos
que condenam essas práticas, são contumazes em seu uso, principalmente no
tocante ao controle da natalidade, através da pílula, do DIU e de outros
dispositivos.
Quanto ao aborto, para a maioria dos que o condenam, a
prática só é pecaminosa ou reprovável quando ocorre com os outros. Em sua falsa
moral, os conservadores mais abastados, fazem aborto a torto e a direito, mas
em clínicas particulares sob todos os cuidados necessários. Enquanto isso, as
mulheres pobres, se submetem às sondas das parteiras curiosas o que, no mais
das vezes, custa-lhes a própria vida. Eu, particularmente, não sou partidário
do aborto, mas também não tenho o direito de ser contrário ao direito dos
outros. Morra a hipocrisia e, Viva a França!
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