ODE

quinta-feira, 30 de maio de 2024

A banalização do sagrado

Há alguns meses, veiculei, neste blog, matéria versando sobre o respeito que se deve ter pelas coisas consideradas sagradas. Discorri sobre a falta de respeito quanto ao uso de crucifixos e imagens outras que retratam os santos da Igreja Católica em ambientes políticos, de negócios, de diversão e até nas chamadas Casas de Recurso. Como exemplo desse desrespeito, citei o que preceitua a religião judaica quando proíbe seus confessos de pronunciarem o nome de Deus (Javé). Por respeito, os judeus só se referem a Deus como: O Criador; O Todo Poderoso; O Senhor...

No Brasil, onde quase tudo é uma festa, tornaram pueril também o sagrado. Em todo canto que se chega, existe um crucifixo dependurado na parede central: seja uma loja de calçados, um banco, uma mercearia, um escritório de advogado, um consultório médico, enfim, a imagem de Jesus crucificado é a primeira providência quando se inaugura qualquer negócio. A título de proteção, o dono do estabelecimento pouco se importa se há ou não respeito suficiente para que aquele ícone religioso possa estar ali.

No início desta semana, o Tribunal de Justiça da Paraíba determinou a anulação de uma lei, votada e aprovada pela Câmara Municipal da cidade paraibana de Bananeiras, que determinava a leitura, no início das aulas, de um trecho bíblico em todas as escolas (públicas e privadas) daquele município. O TJ entendeu que, essa determinação legal, era inconstitucional porque privilegiava um credo religioso em detrimento dos demais.

A lei foi suspensa. Essa decisão do Tribunal de Justiça causou polêmica, repercutindo no âmbito do estado da Paraíba, quando várias emissoras de rádio veicularam debates recriminando os desembargadores por tal decisão: que Deus deve estar presente para proteger a todos; que a proibição é coisa de comunista, etc. etc. Pois bem, no Brasil polarizado em que vivemos hoje, qualquer decisão que fuja do normal, é levada para o campo da polarização.

No entanto, acredito eu, que, aqueles que defendem a banalização da iconoclastia, são hipócritas que se escondem atrás do crucifixo pensando somente em si e, ao mesmo tempo, desrespeitando o que há de mais sagrado em sua própria crença. Parabéns ao Tribunal de Justiça da Paraíba, porque Deus, Javé, Alá, Jesus Cristo ou qualquer outro símbolo sagrado de quaisquer religiões, não deve ser desrespeitado em benefício das superstições daqueles que estão mais para "sepulcros caiados" do que para filhos do Criador.



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