Os votos são da "máquina"

 

Houvesse a possibilidade de um autogolpe aqui em Princesa, isso teria acontecido com certeza. A amargura da democracia é a alternância no poder. Quando o sujeito está no auge e na plenitude do poder de mando, vem a tal democracia que determina a troca de guarda. E essa substituição, embora aparentemente pacífica, é sempre traumática, mesmo quando o substituto é eleito com as bênçãos do que está no poder porque, a vontade de todos, é permanecer no comando desse poder.

Para além disso, há a hipocrisia quando, tanto o principal eleitor [o prefeito] quanto o ungido, se desmancham em promessas vãs, ambos prometendo fidelidade um ao outro. No entanto, é saber de todos, que essa "lua de mel" dura somente até a posse do eleito. Depois disso, vêm as dissenções, os traumas e o consequente rompimento. Em todo canto é assim; a não ser que haja um acordo prévio quando o eleito é um preposto do chefe com a consciência de que será um títere em suas mãos.

A história não nos deixa negar. Depois do instituto da reeleição, os mandatos passaram a ser de 8 anos. Tempo demais para uma espera pacífica. Até porque o criador sempre pensa ser ele o detentor dos votos que elegeram a criatura. Esquecem todos de que, quem tem votos, é a máquina administrativa. Os eleitores cativos do poder não votam em candidatos, mas sim, nos benefícios que recebem. Daí, rei morto, rei posto. A partir do momento da posse uma borracha apaga o antecessor remetendo seu retrato, encaixado numa moldura, para ser dependurado numa parede qualquer.

Aqui em Princesa não será diferente. Para começo de assunto, o candidato eleito [Garrancho], nunca foi o da preferência de Nascimento. Dois fatores convergiram para a escolha indesejável: a vinda da Matuta e a boa performance do Garrancho nas pesquisas eleitorais. Pelo resultado das urnas, é certo que, qualquer candidato que o alcaide houvesse apresentado, ganharia a eleição. Porém, sem bola de cristal, Nascimento sucumbiu à realidade do momento, indicou Garrancho e, agora, está com esse abacaxi para descascar ou essa casca de banana para escorregar.