Francisco, eleito papa em março de 2013, aos 78 anos de
idade, não se apresentava como um pontífice que viesse trazer mudanças
substanciais aos costumes e tradições da Igreja Católica. Não que as tenha
conseguido fazer. Porém, tem tentado imprimir algumas mudanças de costumes no
funcionamento da Igreja de Roma. No mês de outubro último, o Vaticano promoveu
o “Sínodo da Amazônia”, ocasião em que se reuniram na Cidade Eterna, vários
bispos dos países que compõem a chamada Amazônia Legal. Na esteira do grande
desastre provocado pelo aumento das queimadas da floresta daquele importante
bioma, tratou-se de assuntos inerentes à região quanto à sua preservação, mas
também sobre a catequização e a assistência espiritual das populações indígenas
e ribeirinhas.
Padres casados, sacerdotisas
solteiras
Uma das propostas mais polêmicas de mini Concílio, partiu de
alguns bispos colombianos, quando sugeriram que, de forma especial, fosse
adotada pela Igreja a ordenação de homens católicos casados para o ministério
sacerdotal. Como se não bastasse, permeou essa sugestão, a ideia de ordenar
também sacerdotisas na condição de mulheres católicas e solteiras. Essas
propostas receberam de imediato, a simpatia do papa Francisco. Porém, submetida
aos Príncipes da Igreja, os cardeais, a ideia gorou, principalmente pela
resistência vigorosa dos prelados que fazem a chamada Cúria Romana. Mesmo
assim, sabedores de que a decisão final é do pontífice, alegaram que, mesmo
contrários, a palavra final deveria ser do papa Francisco. Ou seja, jogaram a
brasa quente no colo do chefe.
Saia justa
Francisco, na saia justa em que lhe deixaram, viu-se
impotente para, naquele momento, tomar decisão dessa monta sem o apoio dos
verdadeiros detentores do poder burocrático do Vaticano. Se o papa é o Pontifex Maximus e tem o poder
monocrático de tomar qualquer decisão de Cátedra, ou seja, em relação às coisas
referentes à fé, jamais ousaria, mesmo do alto de sua “infalibilidade”, bater
de frente com a velharia conservadora que controla os poderes terrenos da
Igreja Católica. Posta em “banho maria”, a decisão ficará para outra
oportunidade, ou quando o trono de São Pedro for novamente ocupado por um
velhinho de sangue no olho como foi João XXIII (1958/1963) que promoveu o Aggiornamento que revolucionou a Igreja Católica
Apostólica Romana quando da realização do Concílio vaticano II, na década de
1960.
(Escrito por Domingos Sávio Maximiano
Roberto, em 03 de dezembro de 2019).
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