ODE

terça-feira, 10 de março de 2020

EXCERTOS DA HISTÓRIA DE PRINCESA




LÍDERES COM COMPORTAMENTOS DIVERSOS


Com o intuito de um resgate e de uma rememoração históricos, colhido do que foi escrito sobre a conturbada história política da Princesa dos últimos 90 anos, trazemos hoje uma história hilária porque contida de alguma hipocrisia e outra vergonhosa porque baseada na mesquinhez e na pequenez do gesto. O primeiro relato, encontrado no livro da historiadora Inês Caminha: A Revolta de Princesa – Poder Privado X Poder Instituído, trata de fato relacionado ao assassinato do presidente João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque em 26 de julho de 1930 - ato praticado pelo advogado João Duarte Dantas na “Confeitaria Glória”, no Recife -, o que se transformou no estopim para a eclosão da Revolução de 30. Chegada a Princesa a notícia da tragédia, alguns partidários do coronel José Pereira Lima - que lutava em guerra aberta contra o presidente paraibano -, exultaram com o fato, alardeando: “Mataram João Pessoa, ganhamos a guerra!”. Em face disso, o coronel mandou cessar os ânimos informando o contrário: “Perdemos a guerra”. Sabia ele que, morto João Pessoa, a guerra perderia seu objeto. O fato interessante desse episódio é que o coronel, além de amainar as emoções, lamentou publicamente (hipocritamente) o assassinato de seu maior inimigo, proibiu os “sambas” (bailes) que se realizavam costumeiramente durante todo o desenrolar da luta nos arredores da cidade, ordenou a suspensão das hostilidades, os tiroteios com a polícia e mandou celebrar missa em sufrágio da alma do presidente morto.

Mesquinhez em dose tripla

O segundo fato, contido na página 229 do livro de autoria do falecido ex-deputado Aloysio Pereira Lima: “Eu e meu pai o coronel José Pereira – 1930 – O Território Livre de Princesa”, relata o seguinte: quando do falecimento do coronel José Pereira Lima, em 13 de novembro de 1949, a Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba votou uma “Moção de Pesar” pela morte do ex-deputado àquela Casa Legislativa, aprovada por unanimidade quando teve também os votos de dois deputados que à época da Guerra de Princesa pegaram em armas contra Zé Pereira: Ageu de Castro e Jacob Frantz. Além dessa homenagem póstuma, dezesseis dos 39 municípios paraibanos existentes à época, através de suas Câmaras Municipais tiveram o mesmo gesto da Assembleia Legislativa. Em Princesa, a Mesa Diretora da Câmara Municipal que era presidida pelo senhor Belarmino de Oliveira Maia (UDN) e composta dos seguintes vereadores: Manuel Florentino de Medeiros (PSD); Benedito Florentino Lima (UDN); Severino Bento de Sousa (PSD); Pedro Rodrigues Lopes (Lindou) (UDN); João Bernardino do Nascimento (PSD); Antônio Carlos Costa (UDN); João da Silva Lima (UDN); Manoel Carneiro da Silva (Manoel Severo) (UDN) e José Alves de Freitas Vidal (PSD) recebeu uma propositura de “Moção de Pesar” pelo falecimento do ilustre princesense, assinada pelos quatro vereadores do PSD e, posta em votação foi rejeitada pela maioria dos vereadores, composta pelos edis mirins da UDN, atendendo orientação do então prefeito Nominando Muniz Diniz. Esse gesto pequeno e mesquinho, mesmo passados 19 anos dos acontecimentos de 1930, numa demonstração de rancor incontido, se repetiu quando das mortes do ex-prefeito José Frazão de Medeiros Lima e do irmão do coronel Zé Pereira, Manoel Carlos de Andrade Lima. Sabedor desse acontecimento, o grande tribuno princesense, Alcides Vieira Carneiro, discursou proferindo frase antológica: “Combateram José Pereira morto, já que com ele vivo não puderam” Esses dois fatos ilustram situações diversas porém, ambas contidas de sentimentos menores: hipocrisia e mesquinhez.


(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 10 DE MARÇO DE 2020).

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