LÍDERES COM COMPORTAMENTOS DIVERSOS
Com o intuito de um resgate e de uma rememoração históricos,
colhido do que foi escrito sobre a conturbada história política da Princesa dos
últimos 90 anos, trazemos hoje uma história hilária porque contida de alguma
hipocrisia e outra vergonhosa porque baseada na mesquinhez e na pequenez do
gesto. O primeiro relato, encontrado no livro da historiadora Inês Caminha: A Revolta de Princesa – Poder Privado X Poder
Instituído, trata de fato relacionado ao assassinato do presidente João
Pessoa Cavalcanti de Albuquerque em 26 de julho de 1930 - ato praticado pelo
advogado João Duarte Dantas na “Confeitaria Glória”, no Recife -, o que se
transformou no estopim para a eclosão da Revolução de 30. Chegada a Princesa a
notícia da tragédia, alguns partidários do coronel José Pereira Lima - que
lutava em guerra aberta contra o presidente paraibano -, exultaram com o fato,
alardeando: “Mataram João Pessoa,
ganhamos a guerra!”. Em face disso, o coronel mandou cessar os ânimos
informando o contrário: “Perdemos a
guerra”. Sabia ele que, morto João Pessoa, a guerra perderia seu objeto. O fato interessante desse episódio é
que o coronel, além de amainar as emoções, lamentou publicamente (hipocritamente)
o assassinato de seu maior inimigo, proibiu os “sambas” (bailes) que se
realizavam costumeiramente durante todo o desenrolar da luta nos arredores da
cidade, ordenou a suspensão das hostilidades, os tiroteios com a polícia e
mandou celebrar missa em sufrágio da alma do presidente morto.
Mesquinhez em dose tripla
O segundo fato, contido na página 229 do livro de autoria do
falecido ex-deputado Aloysio Pereira Lima: “Eu
e meu pai o coronel José Pereira – 1930 – O Território Livre de Princesa”,
relata o seguinte: quando do falecimento do coronel José Pereira Lima, em 13 de
novembro de 1949, a Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba votou uma
“Moção de Pesar” pela morte do ex-deputado àquela Casa Legislativa, aprovada
por unanimidade quando teve também os votos de dois deputados que à época da
Guerra de Princesa pegaram em armas contra Zé Pereira: Ageu de Castro e Jacob
Frantz. Além dessa homenagem póstuma, dezesseis dos 39 municípios paraibanos
existentes à época, através de suas Câmaras Municipais tiveram o mesmo gesto da
Assembleia Legislativa. Em Princesa, a Mesa Diretora da Câmara Municipal que
era presidida pelo senhor Belarmino de Oliveira Maia (UDN) e composta dos
seguintes vereadores: Manuel Florentino de Medeiros (PSD); Benedito Florentino
Lima (UDN); Severino Bento de Sousa (PSD); Pedro Rodrigues Lopes (Lindou)
(UDN); João Bernardino do Nascimento (PSD); Antônio Carlos Costa (UDN); João da
Silva Lima (UDN); Manoel Carneiro da Silva (Manoel Severo) (UDN) e José Alves
de Freitas Vidal (PSD) recebeu uma propositura de “Moção de Pesar” pelo
falecimento do ilustre princesense, assinada pelos quatro vereadores do PSD e,
posta em votação foi rejeitada pela maioria dos vereadores, composta pelos edis
mirins da UDN, atendendo orientação do então prefeito Nominando Muniz Diniz.
Esse gesto pequeno e mesquinho, mesmo passados 19 anos dos acontecimentos de
1930, numa demonstração de rancor incontido, se repetiu quando das mortes do
ex-prefeito José Frazão de Medeiros Lima e do irmão do coronel Zé Pereira,
Manoel Carlos de Andrade Lima. Sabedor desse acontecimento, o grande tribuno
princesense, Alcides Vieira Carneiro, discursou proferindo frase antológica: “Combateram José Pereira morto, já que com
ele vivo não puderam” Esses dois fatos ilustram situações diversas porém,
ambas contidas de sentimentos menores: hipocrisia e mesquinhez.
(ESCRITO POR DOMINGOS
SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 10 DE MARÇO DE 2020).
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