Há 100 anos Princesa era referência na Paraíba. Em termos
estatísticos, figurava como o 10º município mais populoso e o maior produtor de
algodão do Estado. Na área do comércio, distribuía em grosso para várias praças
da região, a exemplo de Santana, Boaventura, Misericórdia, Piancó, dentre
outras. Em termos de economia, a cidade se destacava como fomentadora do
desenvolvimento regional, promovendo o financiamento da produção agrícola
através de duas agências de representação bancária aqui sediadas. Possuía uma
agência de veículos automotores e tinha, nas ruas da cidade – que já era
servida por energia elétrica -, dez automóveis circulando. A vida sociocultural
era movimentadíssima, pois contava com uma Sala de Cinema, um Teatro, uma Orquestra
Filarmônica, um Clube Social e um Grêmio Lítero-cultural. Foi na década de 1920
que ocorreu o período de maior desenvolvimento e progresso do burgo princesense
em toda sua história. Não fora as intempéries políticas, o município, com
notória vocação para o crescimento, certamente, em não havendo solução de
continuidade seria hoje uma das cidades mais ricas e mais importantes da
Paraíba.
Tudo começou a mudar já no início da década seguinte. A
Guerra de Princesa – que compreendeu o período de 28 de fevereiro até 26 de
julho de 1930 -, teve o condão de fazer tudo desmoronar. Nesse conflito - em
que pese não ter havido vencedor nem vencido -, a progressista cidade rebelada
resistiu estoicamente. Porém, com a vitória da Revolução de 30, Princesa, que
não conseguiu ser dominada pelas armas, foi subjugada pela Nova Ordem
revolucionária. A punição foi rigorosa. A ordem dos chefes revolucionários da
Paraíba, nas pessoas do futuro ministro, José Américo de Almeida, e do
interventor, Antenor Navarro, era desarticular tudo e punir com severidade o
coronel José Pereira e seus aliados, além de provocar um estancamento do
desenvolvimento para retirar Princesa de evidência no contexto do Estado. A
partir daí a cidade caiu num marasmo que perdurou por longas três décadas,
somente voltando a se projetar no cenário estadual, a partir de 1960. Em que
pese o prejuízo que a polarização política causou ao longo desses 90 anos,
Princesa conserva sua vocação desenvolvimentista, especialmente no tocante às
atividades comerciais e de serviços. Hoje, até pequenas indústrias já funcionam
em nosso município. Apesar de tudo, embora tardiamente e aos poucos, Princesa
volta a enveredar pelo caminho do progresso e do desenvolvimento.
DSMR, EM 15 DE OUTUBRO DE 2020.
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