ODE

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

“O PREÇO DA LIBERDADE É A ETERNA VIGILÂNCIA”

 



A frase que intitula esta matéria é do Brigadeiro Eduardo Gomes, candidato inglório em duas eleições consecutivas para a presidência da República e combatente ferrenho da ditadura do Estado Novo. Lembro isso agora, diante dos constantes movimentos promovidos pelo chamado bolsonarismo, contra a instituições democráticas do Brasil. Para se ter uma ideia, dos oito deputados que estão pendurados, no Conselho de Ética da Câmara Federal, a espera de julgamento, sete, são acusados de conspirar contra a Constituição Federal, quando participaram de movimentos públicos, ou pelas Redes Sociais, em que defenderam o fechamento do Congresso Nacional e do STF – Supremo Tribunal Federal, sem falar nas ameaças contra a integridade física de algumas autoridades componentes desses poderes, sempre com a participação ou com o aval do presidente Jair Bolsonaro. Diante dessa esdrúxula e perigosa situação, faz-se atual a frase do Brigadeiro Eduardo Gomes, o que nos põe em alerta contra esses movimentos golpistas.

A praxe do golpe

Em que pese termos, no país, uma democracia já mais ou menos consolidada - são 35 anos de pleno Estado Democrático de Direito -, o que vemos, depois da instalação da extrema direita no poder, nos assusta, uma vez que as conspirações, quando vêm ou são abençoadas pelos detentores do poder, se fazem muito mais graves, sem falar na vocação golpista que tem sido uma praxe no Brasil. A ruptura com Portugal, que culminou com a Independência, não foi outra coisa senão um golpe; a derrubada de Dom Pedro I e a Maioridade de Dom Pedro II foi também uma ação golpista; a proclamação da República, idem; a renúncia do marechal Deodoro da Fonseca e a assunção do vice-presidente, Floriano Peixoto foi um golpe; o fim da República Velha, com a eclosão da Revolução de 1930 - o que teve a efetiva participação de Princesa -, foi um golpe; a instalação do Estado Novo, em 1937, nada mais foi do que um golpe para impedir as eleições marcadas para 1938, quando, certamente, seria eleito o paraibano, José Américo de Almeida; a ditadura militar que derrubou João Goulart foi o golpe mais violento; por fim, o impeachment da presidente Dilma Rousseff, defenestrada do poder para proibir que o PT continuasse roubando, mesmo assim, foi também um golpe. Agora, é a vez da extrema direita querendo se perpetuar no poder. Diante desse histórico nada abonador à liberdade, rememorar o alerta do Brigadeiro, faz-se atualíssimo e necessário nesse momento crucial de ameaças à nossa democracia.

DSMR, em 23 de fevereiro de 2021.

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