É surpreendente a constatação de que existem pessoas adultas,
eleitoras, que ainda acreditam em Papai Noel. Refiro-me àqueles que, com boa
intenção, votaram em Jair Bolsonaro, nas eleições de 2018 e ainda continuam a defendê-lo.
Na verdade, hei de reconhecer que, naquele momento [2018], o candidato do PSL
se apresentava como uma alternativa a tudo o que estava podre na política
brasileira. Para os desavisados, justifica-se o voto.
Eu, particularmente, não votei nele. Na minha casa,
sufragaram seu nome, minha mulher e meu genro. Não interferi contrário. Deixei
que fizessem sua aposta eleitoral de forma livre e democraticamente. Hoje,
nenhum dos dois votam mais em Jair Bolsonaro. Por eles mesmos, viram o erro
cometido e mudaram de opinião. Nada mais normal do que isso, afinal, ninguém
tem letreiro na testa.
Lamentável, no entanto, é ver pessoas que acreditamos ter
olhos na cara e, mesmo assim, continuam emprestando apoio a um louco, celerado,
incompetente, mentiroso e impostor, que é o nosso presidente da República. Este
escrito nada tem de raiva, rancor ou despeito, pelo contrário, é um exercício
reflexivo para despertar a humildade que todos temos dentro de nós – alguns
adormecida -, para que reconheçamos o erro e saiamos dele.
Na campanha de 2018, o candidato Jair Bolsonaro encarnou o
combatente da corrupção e da velha política. O que vimos, logo no início de seu
governo, foram denúncias de corrupção envolvendo seus filhos e, em seguida, sua
sôfrega ânsia em blindá-los das investigações pela Polícia Federal. Logo
depois, assistimos sua sucumbência à ganância do “centrão”, quando, além da
distribuição de cargos, criou o chamado “orçamento secreto”. Sem falar na
omissão quanto ao enfrentamento à covid-19.
Na tentativa de se sustentar sem governar nada, Bolsonaro inventou
o “golpe”. Quando viu que não tinha guarida junto à maioria da população,
apelou para os militares que, em sua maioria repudiaram a ideia e, sem o apoio
dos demais Poderes da República, recuou. Agora, sem respaldo algum, ressuscita
a ameaça comunista, algo obsoleto, anacrônico, que somente os babacas acreditam
existir ainda. São pirulitos que esse maluco coloca nas bocas das pessoas, como
se fossem elas, crianças.
Como vimos, de combatente da corrupção, Bolsonaro não tem
nada. Pelo contrário, pois, desde cedo sabia das falcatruas engendradas no
Ministério da Saúde para a aquisição de vacinas, e nada fez. Quanto a
representar o “novo” na política, também não convence, haja vista à sua adesão
ao que há de pior na política nacional. Por fim, inventou de novo o comunismo.
Nada envergonha ou diminui mais o homem do que a falta de capacidade de
reconhecer o erro.
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