“O Sertão é minha Casa”

 

João Pereira da Luz, o nosso “João Paraibano”, nasceu no Sítio Pica-pau de Princesa em 07/10/1953 e faleceu em Afogados da Ingazeira/PE em 1º/09/2014. Ao lado do genial, Leandro Gomes de Barros, considerado o precursor da Literatura de Cordel Brasileira, João Paraibano é um dos luminares dessa arte no Brasil. Para manter acesa a chama daquela brilhante inteligência artística, reproduzimos aqui, dois de seus primorosos versos que louvam os nossos sertões:

 

“O Sertão é minha Casa”

JOÃO PARAIBANO

 

Fiz castelo de areia no caminho,

Derramando ilusão pela poeira,

Todo sábado bem cedo ia pra feira,

Pra trocar ou comprar um passarinho,

Toda vez que encontrava o meu padrinho,

Dava “bença” estirando a minha mão,

Se ganhasse dez “tões” comprava pão,

Pra comer com um tijolo de cocada,

Minha alma matuta foi gerada,

Nas entranhas do ventre do Sertão.

 

Quando o dia começa a clarear,

Um cigano se benze e deixa o rancho,

A rolinha se coça num garrancho,

Convidando o parceiro pra voar,

Um bezerro cansado de mamar,

Deita o queixo por cima de uma mão,

A toalha do vento enxuga o chão,

Vagalume desliga a bateria,

Das carícias da noite nasce o dia,

Aquecendo os mocambos do Sertão.