ODE

quarta-feira, 1 de junho de 2022

O tempo é novo, porém, as mazelas são as mesmas

Havia um alento em expectativa de que algo aconteceria, no âmbito da educação, para dar um novo rumo ao ensino e ao aprender, no Brasil. A mudança chegou, e chegou com força. No entanto, mesmo trazendo inovações que facilitam, sobremaneira, a interação comunicativa, trouxe, no seu bojo, algo que não poderia ainda se aplicar no nosso analfabeto Brasil.

A novidade de falo é a era digital. Nada melhor e mais confortável do que as possibilidades de comunicação que esse tempo de internet nos proporciona. Hoje, temos contato imediato e virtual com quem desejamos e aonde estejam e, o que é melhor, gratuitamente. Isso basta? Não! Ou melhor, sim. Basta para tornar mais analfabeto ainda os que já não sabiam ler nem escrever. A era digital, infelizmente, parece estar dizimando a era mental.

O que vemos hoje, nas comunicações através do WhatsApp, são mensagens quando não ininteligíveis, grafadas de forma aglutinada (vc, td, tb, ksa, vdd, etc.), que estão se institucionalizando e matando o nosso vernáculo. É claro que a língua é viva, pode e deve evoluir. O problema é que essa forma de comunicação não prejudica aos que sabem escrever, mas sim à grande maioria que são aqueles que sequer sabiam antes a grafia em sua plenitude.

Vendo uma reportagem televisiva, fiquei informado de que as seleções realizadas pelo mercado de trabalho, para a aquisição de novos empregados, têm tido dificuldade em admitir novos quadros justamente porque os candidatos não sabem ler nem escrever. 83% desses candidatos a um emprego são rejeitados porque, nas solicitações escritas cometem erros elementares de concordância verbal e nominal, pontuação, acentuação e, principalmente de grafia.

Se os tempos já eram bicudos para o nosso vernáculo - que é vítima de assassinato constante até pelas mãos e bocas dos que têm a obrigação de ensinar -, agora, com o advento da comunicação digital, que não prima pela excelência da escrita ou do falar, a coisa tomou um rumo muito pior. Para os que já não sabiam de nada, hoje, se sentem professores, e condenam o que é correto como se fora, a verdadeira escrita, algo ultrapassado e enfadonho. Lamentavelmente, nesse beco escuro não há luz à vista.









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