Com a redemocratização, em 1985, e com o retorno às eleições
diretas para presidente da República no Brasil, em 1989, foi adotado, em 1994,
o instituto da reeleição para presidente, governador e prefeito. Desde então,
os presidentes que se submeteram à reeleição (FHC, Lula e Dilma), partiram
sempre, pontuando em vantagem nas pesquisas eleitorais, em relação aos demais
concorrentes e mantiveram-se assim até a vitória nas urnas. Neste ano de 2022,
o presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), que pleiteia renovar seu mandato, não
conseguiu, até agora, suplantar, nas intenções de votos, seu principal
concorrente, o ex-presidente Lula do PT.
Fazendo uma leitura superficial sobre o que vem provocando
essa inusitada situação, nos atemos a alguns fatos que podem ser considerados
responsáveis pela performance negativa do ocupante do Palácio do Planalto.
Desde o início de seu governo, o presidente Bolsonaro, vem agindo na contramão
do que seria razoável para a consecução de sua reeleição. Começou com seu comportamento
negativista quanto ao combate à pandemia do coronavírus quando dificultou a
aquisição de vacinas. Depois, com declarações desastradas, quanto a vários
temas, culminando com ataques às instituições democráticas e descredenciamento
das urnas eletrônicas, selou seu destino.
A gota d’água foi a convocação dos embaixadores estrangeiros
ao Palácio da Alvorada, no último dia 17/07, para uma palestra em que falou mal
do sistema eleitoral brasileiro, demonstrando descrédito quanto a
confiabilidade das urnas eletrônicas, desferindo estocadas maldosas,
endereçadas a alguns dos ministros do STF. Esse comportamento, o que poderia
ter sido mais um dos arroubos presidenciais e que, certamente, logo cairia no
esquecimento, causou a maior repercussão no meio da sociedade civil. Imediatamente,
o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, emitiu Nota de protesto,
no que foi acompanhado pelo ministro Luís Édson Fachin, presidente do TSE.
Nos dias seguintes, os EUA, através de sua Embaixada no
Brasil, emitiram uma Nota atestando a confiabilidade no sistema eleitoral
brasileiro e reafirmando apoio ao Estado Democrático de Direito. O Reino Unido
fez coro a essa posição do governo americano. Não bastasse isso, num crescente,
as forças vivas da sociedade brasileira, fartas dessa ridicularia golpista, se
mobilizaram e começaram a se manifestar em repúdio ao comportamento do presidente
da República e em apoio à Democracia, o que culminou com a elaboração de um
Manifesto em defesa da Democracia, documento elaborado por acadêmicos da
Faculdade de Direito da USP, o que Jair Bolsonaro chamou, pejorativamente, de
“cartinha”.
Esse documento, que já reúne mais de 450 mil assinaturas e
que deverá ser lançado à Nação no próximo dia 11 de agosto, tem como
signatários: empresários, juízes, políticos, banqueiros, artistas, acadêmicos,
ex-ministros e até militares. Mesmo o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira
(PP), que é aliado do presidente, depois de 09 dias em silêncio, fez discurso
em defesa da Democracia e das urnas eletrônicas, no que foi acompanhado pelo
presidente do Superior Tribunal Militar. Isolado, o presidente Jair Bolsonaro,
colhe agora o resultado de sua inabilidade política, movida pela arrogância
burra de quem usa a arma que tem, para dar um tiro no pé.
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