Depois de um silêncio que durou longas 44 horas, o presidente
Jair Messias Bolsonaro, resolveu sair de seu lockdown eleitoral e se pronunciou à Nação. Armou o circo para o
derradeiro ato, no Palácio da Alvorada e, ao lado da esposa, do filho, de
alguns ministros e de vários auxiliares – todos com cara de velório -,
agradeceu os mais de 58 milhões de votos recebidos das urnas, condenou os baderneiros
que estão tumultuando as estradas do país e determinou a instalação da Comissão
de Transição, enfim, reconheceu a derrota.
De outra forma não poderia ser. Pensando ainda ter poder de
fogo, Bolsonaro silenciou no aguardo de receber apoios importantes que lhe
dessem fôlego para, talvez, promover uma aventura golpista que lhe permitisse
permanecer no poder. Deu com os burros n’água: nem centrão, nem Forças Armadas,
ninguém se apresentou como apoiador de suas possíveis intenções ilegais. Ao
quase ex-presidente, restou apenas a solidariedade de alguns gatos pingados
que, país afora, promovem, desde domingo à noite, baderna quando interditam
estradas, prejudicando o funcionamento do país.
Depois da fala do presidente, os brasileiros sensatos
respiraram em paz: Ufa! Caiu o pano do último ato dessa ópera bufa. Estamos
livres dos jefferssons; das zambellis; dos queiroz; das rachadinhas; dos
palavrões, da hipocrisia religiosa; enfim, de tudo o que fez do Brasil um país
de assustados e um pária diante da comunidade mundial. Restou o indefectível
“centrão” que é um mal necessário. Afinal, em sua capacidade de aderir ao
poder, faz-se sempre uma garantia à institucionalidade quando joga casca de
banana para o escorrego dos derrotados, ao mesmo tempo em que pisca o olho para
os vencedores. Tá na hora do Jair: “acabou”.
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