Semana passada, o presidente eleito, Luís Inácio Lula da
Silva, determinou ao futuro ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que
proceda ações no sentido de promover o reatamento de relações diplomáticas com
a vizinha Venezuela. O rompimento do Brasil com aquele país se deu logo no
início do governo de Jair Bolsonaro, sob o pretexto de que a Venezuela era uma propagadora
do comunismo na América Latina.
O carimbo para justificar o rompimento deveria ter sido o da
“hipocrisia”. É certo que não podemos concordar com o sistema político daquele
país quando cerceia direitos individuais e desrespeita as regras democráticas.
No entanto, não podemos aceitar que usem dois pesos e duas medidas quando da
prática da convivência diplomática no concerto das nações.
Por que o Brasil de Bolsonaro rompeu com a Venezuela e
continuou amigo da Rússia e da China, ambas ditatoriais – a primeira de direita
e, a segunda, de esquerda? Aliás, a Rússia, é o único país, de alguma
importância internacional, que simpatizou com o governo Bolsonaro. A China, na
qualidade de maior parceiro comercial do Brasil, não poderia ser relegada ao
convívio diplomático. Já a Venezuela, autocrata e socialista, mas, pobre e
quebrada, foi punida como exemplo.
Ademais, é sabido ser hoje, o Brasil, o país que abriga uma
das maiores comunidades de imigrantes venezuelanos no mundo, e é saber de todos
também, não ter, a Venezuela, o poder de influenciar quem quer que seja a rezar
pela sua cartilha “comunista”. Pelo contrário, o Brasil sim, poderá trazê-la de
volta ao convívio democrático tão repudiado pelos que dela se afastaram. Quando
a tônica é a hipocrisia, sua aplicação poupa os grandes em detrimento dos
menores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário