Houve um tempo, no Brasil, que negros não podiam ingressar nas Forças Armadas; não podiam trabalhar no Banco do Brasil; não se ordenavam padres; tampouco atuavam nas equipes de futebol oficiais. Há até uma história engraçada, quando os jogadores negros da equipe de futebol do Fluminense carioca - mesmo depois de autorizados a jogar - usavam pó de arroz para poderem se apresentar nos campos de futebol se caracterizando como não negros para não chocar a torcida. Os tempos mudaram e os negros foram inseridos no contexto da sociedade brasileira. Mesmo assim, o racismo, latente e velado, persiste.
O racismo é uma chaga no mundo todo. Prova disso é o fato ocorrido no último domingo (21) na Espanha, quando o jogador brasileiro, Vinicius Júnior, do Real Madri foi atacado violentamente num estádio de futebol durante um jogo daquele time contra o Valência. Em coro, uma massa de torcedores intolerantes e racistas bradava, contra Vinícius Júnior: "mono!", "mono!", "mono!" Essa palavra, que significa "macaco" em espanhol, vem sendo gritada em todos os estádios em que o jogador brasileiro em questão, se apresenta. O próprio Vini Júnior já disse: "Essa não é a primeira vez, nem a segunda nem a terceira". Ou seja, tem sido uma praxe.
O episódio repercutiu negativamente causando, inclusive, mal-estar diplomático entre Brasil e Espanha. O caso extrapolou os estádios com reverberação pela imprensa do mundo todo. O Governo brasileiro instou as autoridades, políticas e esportivas da Espanha, para que tomem providências urgentes quanto a essa prática no sentido de fazer cessá-la e punir os promotores dessa conduta racista e intolerante. Mesmo porque, diante da passividade dos dirigentes do futebol espanhol e das autoridades constituídas, cabe a pergunta: "É essa a civilidade da Europa, do chamado Primeiro Mundo?"
Os que se consideram superiores apenas porque são brancos se denunciam mediocres porque incapazes de se fazerem notar por méritos iguais aos dos que criticam. A melanina não faz diferença alguma; mesmo porque, nós vimos todos da África. Somos todos negros. O clareamento de alguns ocorreu por conta do clima ao longo de milhares de anos. Se há negros fedidos, há brancos também. Esse ódio é assustador e nos remonta ao que ocorreu em tempos recentes quando um povo (judeus) quase foi dizimado pelo preconceito racial. Macacos, primitivos, primatas, são os que exercitam a discriminação, a intolerância e os ataques racistas contra seus irmãos de cor.
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