Foi-se o tempo em que o comando de tudo era baseado na
experiência e, os mais velhos, eram tidos como um oráculo para todos. Primeiro
porque os jovens escutavam, respeitavam e tomavam os mais idosos como exemplo
de vida. Segundo porque era a regra, num tempo em que vigorava ainda o respeito
nos Lares e a disciplina nas Escolas; pais e mães e também os professores eram
a fonte de informação de que dispunham as crianças e os jovens. Diferente de
hoje, quando as informações se disseminam por todo canto, quando a tão
cultivada liberdade de tudo é uma regra absolutamente obrigatória em que o “politicamente
correto” impera sem a possibilidade de questionamento e, os direitos, se
sobrepõem de forma inquestionável, aos deveres. Para quem tem mais de 40 anos
tudo isso é muito esquisito.
Os da turma dos “enta” (40, 50, 60, 70 anos de idade) são do
tempo em que os dizeres dos mais velhos eram considerados. Naquele tempo não
existia a internet com essa miscelânea de informações que não passam pelo crivo
de nada nem de ninguém, e viram verdadeiras somente porque estão ao alcance de
qualquer um que digite uma tecla solicitando informações que nem sempre são
corretas ou verdadeiras. Até crianças têm acesso a vídeos contidos de
pornografia e, as chamadas Fake-News se disseminam sem o menor controle. É o progresso
da tecnologia de massa misturado com a banalização dos costumes. Nos tempos
atuais, todos podem tudo. É o verdadeiro exercício do livre arbítrio sem o
menor controle. Até os que não têm ainda condição de exercer o arbítrio sobre
si próprios, estão livres para exercê-lo ao bel prazer.
As revoluções no mundo sempre aconteceram, mas, quando
vinham, aconteciam a conta-gotas e seus desdobramentos sociais eram regulados
por leis. Da Idade Média, passamos para o Renascentismo quando aflorou a arte
sem ter mais o total controle da Igreja Católica. Com a Revolução Francesa, no
século XVIII (o chamado Século das Luzes), surgiu o iluminismo com novas
ideias, conceitos e pensamentos. Junto a isso, aconteceu a Revolução Industrial
(1760-1840), uma transição para novos procedimentos de fabricação na
Inglaterra, que se estendeu à Europa Ocidental e aos Estados Unidos da América.
Foi nesse período em que aconteceram as invenções e as descobertas mais
importantes da Humanidade, tais como: elementos químicos, telefone, lâmpada
elétrica, teoremas matemáticos, micróbios causadores de doenças, plástico,
ondas de rádio, entre outras.
Imaginemos se os grandes gênios da humanidade tivessem tido
acesso às facilidades das tecnologias eletrônicas que temos hoje. Imaginemos se
fossem nossos contemporâneos: Galileu Galilei, Leonardo da Vinci, Isaac Newton,
Michelangelo, Albert Einstein, Edison, Volta... Com os instrumentos de que
dispomos hoje, esses homens haveriam feito muito mais do que fizeram e com
muito mais rapidez. Teriam dado nó em pingo d’água! Isso se os comportamentos,
a disciplina e as regras fossem os mesmos de antanho. Os craques da tecnologia
de hoje não são mais os gênios, mas sim as crianças e os adolescentes que
operam esses aparelhos de computação com maestria.
As crianças de hoje, na mais tenra idade, de posse de um
aparelho celular resolvem tudo num piscar de olhos como se já nascessem com
essa predisposição. Do alto dos meus 65 anos de idade – com capacidade apenas
para operar um celular quanto ao fazimento e ao recebimento de chamadas ou, no máximo,
para enviar mensagens pelo Whatsapp -
corro sempre em busca do socorro dos meus netos de 10 e 13 anos, que me
orientam como se estivessem manipulando um brinquedo qualquer. São eles, hoje,
as crianças e os jovens que comandam tudo. Enquanto nós, os mais velhos, não temos
mais nada para ensiná-los, mesmo porque, eles não querem mais aprender conosco.
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