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segunda-feira, 12 de junho de 2023

Os velhos não ensinam mais nada

Foi-se o tempo em que o comando de tudo era baseado na experiência e, os mais velhos, eram tidos como um oráculo para todos. Primeiro porque os jovens escutavam, respeitavam e tomavam os mais idosos como exemplo de vida. Segundo porque era a regra, num tempo em que vigorava ainda o respeito nos Lares e a disciplina nas Escolas; pais e mães e também os professores eram a fonte de informação de que dispunham as crianças e os jovens. Diferente de hoje, quando as informações se disseminam por todo canto, quando a tão cultivada liberdade de tudo é uma regra absolutamente obrigatória em que o “politicamente correto” impera sem a possibilidade de questionamento e, os direitos, se sobrepõem de forma inquestionável, aos deveres. Para quem tem mais de 40 anos tudo isso é muito esquisito.

Os da turma dos “enta” (40, 50, 60, 70 anos de idade) são do tempo em que os dizeres dos mais velhos eram considerados. Naquele tempo não existia a internet com essa miscelânea de informações que não passam pelo crivo de nada nem de ninguém, e viram verdadeiras somente porque estão ao alcance de qualquer um que digite uma tecla solicitando informações que nem sempre são corretas ou verdadeiras. Até crianças têm acesso a vídeos contidos de pornografia e, as chamadas Fake-News se disseminam sem o menor controle. É o progresso da tecnologia de massa misturado com a banalização dos costumes. Nos tempos atuais, todos podem tudo. É o verdadeiro exercício do livre arbítrio sem o menor controle. Até os que não têm ainda condição de exercer o arbítrio sobre si próprios, estão livres para exercê-lo ao bel prazer.

As revoluções no mundo sempre aconteceram, mas, quando vinham, aconteciam a conta-gotas e seus desdobramentos sociais eram regulados por leis. Da Idade Média, passamos para o Renascentismo quando aflorou a arte sem ter mais o total controle da Igreja Católica. Com a Revolução Francesa, no século XVIII (o chamado Século das Luzes), surgiu o iluminismo com novas ideias, conceitos e pensamentos. Junto a isso, aconteceu a Revolução Industrial (1760-1840), uma transição para novos procedimentos de fabricação na Inglaterra, que se estendeu à Europa Ocidental e aos Estados Unidos da América. Foi nesse período em que aconteceram as invenções e as descobertas mais importantes da Humanidade, tais como: elementos químicos, telefone, lâmpada elétrica, teoremas matemáticos, micróbios causadores de doenças, plástico, ondas de rádio, entre outras.

Imaginemos se os grandes gênios da humanidade tivessem tido acesso às facilidades das tecnologias eletrônicas que temos hoje. Imaginemos se fossem nossos contemporâneos: Galileu Galilei, Leonardo da Vinci, Isaac Newton, Michelangelo, Albert Einstein, Edison, Volta... Com os instrumentos de que dispomos hoje, esses homens haveriam feito muito mais do que fizeram e com muito mais rapidez. Teriam dado nó em pingo d’água! Isso se os comportamentos, a disciplina e as regras fossem os mesmos de antanho. Os craques da tecnologia de hoje não são mais os gênios, mas sim as crianças e os adolescentes que operam esses aparelhos de computação com maestria.

As crianças de hoje, na mais tenra idade, de posse de um aparelho celular resolvem tudo num piscar de olhos como se já nascessem com essa predisposição. Do alto dos meus 65 anos de idade – com capacidade apenas para operar um celular quanto ao fazimento e ao recebimento de chamadas ou, no máximo, para enviar mensagens pelo Whatsapp - corro sempre em busca do socorro dos meus netos de 10 e 13 anos, que me orientam como se estivessem manipulando um brinquedo qualquer. São eles, hoje, as crianças e os jovens que comandam tudo. Enquanto nós, os mais velhos, não temos mais nada para ensiná-los, mesmo porque, eles não querem mais aprender conosco.



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