Três trágicos acidentes, ocorridos no último fim de semana,
que vitimaram, até agora, 55 pessoas, enlutam o Natal dos brasileiros de Norte
a Sul. A primeira tragédia ocorreu na madrugada do sábado (21), na BR-116 na
altura do município mineiro de Teófilo Otoni quando uma carreta conduzindo
enorme pedra de granito chocou-se com um ônibus que ia de São Paulo para a
Bahia, o que provocou uma explosão e (in)consequente incêndio vitimando 41
pessoas.
O segundo desastre, aconteceu na cidade gaúcha de Gramado
quando um pequeno avião, transportando 10 pessoas de uma mesma família, que
decolou da vizinha cidade de Canela, caiu no centro da cidade de Gramado,
provocando grande explosão e a morte de todos os passageiros. A terceira
calamidade, ocorreu na BR-226, divisa dos Estados do Maranhão/Tocantins quando
uma ponte ruiu e, até o presente momento, já se contam em 4 mortos.
À exceção do acidente da carreta com o ônibus, as outras duas
tragédias foram anunciadas. A ponte interestadual já havia sido vistoriada pelo
DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes desde 2020, quando
se constatou o risco iminente de desabamento mas, mesmo assim, não foi
interditada e nenhuma providência foi tomada. Quanto ao avião que decolou de
Gramado, o tempo chuvoso e com neblina intensa se apresentava impróprio para
aviação, mas, mesmo assim, o voo foi autorizado.
Passadas essas calamidades, vem a outra parte, a da
hipocrisia do poder público. Primeiro vem o CENIPA – Centro de Investigação e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, informar que vai proceder às investigações
necessárias para apurar os motivos da queda do avião. Em seguida, o ministro
dos Transportes vai até a divisa dos Estados do Maranhão/Tocantins, informar
que vai mandar construir uma nova ponte com o dispêndio de R$ 1 milhão e ainda
deseja “Feliz Natal” aos presentes.
É triste constatar o descaso das autoridades públicas com as
vidas de pessoas. E isso é uma praxe no Brasil. Acontecidas as tragédias, sejam
elas enchentes, secas, incêndios, acidentes, etc., as autoridades – como canta
Elba Ramalho na música “Nordeste Independente”: “Sobrevoam a região pensando
que o povo é besta”. Dentro de poucos dias as tristes notícias saem do
noticiário, o povo esquece e fica no aguardo de novas tragédias sob as mesmas
condições e, para os parentes dos que se foram, resta chorar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário