O nosso vernáculo, por haver sido criado em tempos em que o
machismo era a tônica, vive hoje situação de reformas que o colocam em
situação, às vezes, ridícula. Na língua portuguesa, quando em referência a
pessoas, prevalece a expressão no masculino que se transforma em comum de dois
gêneros. Por exemplo: “Boa noite a todos!” Isso contempla as pessoas de ambos
os sexos. Hoje, porém, com o advento da convenção do “politicamente correto”,
adotou-se o esnobismo redundante do: “Boa noite a todos e a todas!” Há até quem
defenda o uso da expressão neutra “todes”, um neologismo atual com o afã
inclusivo de definir pessoas não binárias.
A questão se exacerba num pundonor falso quando ninguém se
incomoda quando a referência é feita ao substantivo “pessoa”. Por exemplo: “O Papa
Francisco era uma pessoa por demais caridosa”. Nesse diapasão ninguém contesta
a referência feminina a uma pessoa do sexo masculino. É essa uma contradição desse
novo pensar quando esse comportamento faz crer que, os do sexo feminino carecem
de afirmação concreta, num processo de mais valia para que não sejam relegados
a um plano inferior, ou seja, necessitam ser referenciados de forma clara sob
pena de não estarem sendo, por si só, respeitados em sua condição de cidadãos
de classe igual.
Na esteira desse novo pensar, vemos também, depois da
oficialização das uniões entre pessoas do mesmo sexo, outro comportamento
esquisito quando são chamados de “casais” aqueles que, sendo do mesmo sexo,
habitam a mesma cama. Para muitos é chocante ouvir, num noticiário de
televisão, o repórter se referir a um homem como marido de outro homem. É claro
que careci de muita coragem para abordar assunto de tal natureza, mas insisto
em que seria de melhor alvitre que chamássemos os pares do mesmo sexo de:
companheiros ou companheiras. Afinal, eles não formam um casal.
De acordo com o que preceitua o nosso vernáculo, um casal é
“um par formado por um macho e uma fêmea” unidos com o intuito de procriar.
Muito mais salutar seria fazer-se a referência sob o manto da verdade. Quem vai
entender direito que um homem pode ser o marido de outro? E quem é a esposa? E
quando morre um deles quem é o viúvo? Porque não abolirmos essa nova seita e
voltarmos a um comportamento normal tratando as pessoas como realmente elas
são? O respeito não reside nas nomenclaturas, mas sim, na aceitação da
realidade de cada um, sem preconceito ou exclusão tampouco invasão. Já dizia
Falcão: “Homem é homem, mulher é mulher, cachorro é cachorro, macaco é macaco”,
e por aí vai.
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