ODE

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Marido ou companheiro?

 

O nosso vernáculo, por haver sido criado em tempos em que o machismo era a tônica, vive hoje situação de reformas que o colocam em situação, às vezes, ridícula. Na língua portuguesa, quando em referência a pessoas, prevalece a expressão no masculino que se transforma em comum de dois gêneros. Por exemplo: “Boa noite a todos!” Isso contempla as pessoas de ambos os sexos. Hoje, porém, com o advento da convenção do “politicamente correto”, adotou-se o esnobismo redundante do: “Boa noite a todos e a todas!” Há até quem defenda o uso da expressão neutra “todes”, um neologismo atual com o afã inclusivo de definir pessoas não binárias.

A questão se exacerba num pundonor falso quando ninguém se incomoda quando a referência é feita ao substantivo “pessoa”. Por exemplo: “O Papa Francisco era uma pessoa por demais caridosa”. Nesse diapasão ninguém contesta a referência feminina a uma pessoa do sexo masculino. É essa uma contradição desse novo pensar quando esse comportamento faz crer que, os do sexo feminino carecem de afirmação concreta, num processo de mais valia para que não sejam relegados a um plano inferior, ou seja, necessitam ser referenciados de forma clara sob pena de não estarem sendo, por si só, respeitados em sua condição de cidadãos de classe igual.  

Na esteira desse novo pensar, vemos também, depois da oficialização das uniões entre pessoas do mesmo sexo, outro comportamento esquisito quando são chamados de “casais” aqueles que, sendo do mesmo sexo, habitam a mesma cama. Para muitos é chocante ouvir, num noticiário de televisão, o repórter se referir a um homem como marido de outro homem. É claro que careci de muita coragem para abordar assunto de tal natureza, mas insisto em que seria de melhor alvitre que chamássemos os pares do mesmo sexo de: companheiros ou companheiras. Afinal, eles não formam um casal.

De acordo com o que preceitua o nosso vernáculo, um casal é “um par formado por um macho e uma fêmea” unidos com o intuito de procriar. Muito mais salutar seria fazer-se a referência sob o manto da verdade. Quem vai entender direito que um homem pode ser o marido de outro? E quem é a esposa? E quando morre um deles quem é o viúvo? Porque não abolirmos essa nova seita e voltarmos a um comportamento normal tratando as pessoas como realmente elas são? O respeito não reside nas nomenclaturas, mas sim, na aceitação da realidade de cada um, sem preconceito ou exclusão tampouco invasão. Já dizia Falcão: “Homem é homem, mulher é mulher, cachorro é cachorro, macaco é macaco”, e por aí vai.



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