É temerário dizer que, em política, alguém "já era". Principalmente no Brasil onde atravessamos o rio da ética com água pelos mocotós. Porém, nesse caso, a história é outra. O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro que exerceu também oito mandatos de deputado federal surgiu, em 2018, como um "salvador da pátria"; um off side que vinha para implantar a ética e a seriedade na forma de governar; para mudar tudo num país que já tinha experimentado as falcatruas da direita e da esquerda e que clamava por algo diferente.
Logo caiu na graça popular, ganhou a eleição para presidente da República e, para muitos - principalmente para aqueles que não curtem muito o dia-a-dia da política eleitoral - virou "mito" e deitou e rolou. Desmontou o Estado e, ávido pelas continências daqueles que antes foram seus chefes na caserna, encheu os palácios da República de militares incompetentes, mas garantidores de suas loucuras; adotou o lema fascista: "Deus, Pátria e Família" e imprimiu um novo jeito de governar baseado na mentira e na negação de tudo que não fosse do seu interesse.
Começou se dizendo "anti tudo": abominava a política do toma-lá-dá-cá; execrava o "centrão"; não tolerava as diversidades; detestava as minorias, enfim, negava tudo o que estava posto em nome de uma nova ordem que por ele seria estabelecida. Imbuído do poder e por ele embevecido, imprimiu uma forma impar de administrar quando enfrentou as demais instâncias de poder dando mostras de que o queria total para si. Porém, logo viu que não dominaria o Congresso Nacional e, com medo do impeachment, sucumbiu ao centrão e passou a atacar o Poder Judiciário centrado no ministro Alexandre de Moraes: "Não obedeço mais às ordens daquele canalha!"
Não bastasse isso, durante a pandemia de covid-19, desacreditou a doença chamando-a de "gripezinha"; negou a vacina e, o saldo disso, foram mais de 700 mil mortes que poderiam ter sido bem menos se, ao invés de receitar cloroquina, o "mito" tivesse comprado vacinas no tempo hábil. Mesmo assim, era ovacionado nas ruas: "Mito! Mito! Mito!" Veio a reeleição e, vendo que não andava bem nas pesquisas eleitorais, resolveu desacreditar as urnas eletrônicas em preparo da intenção golpista para permanecer no poder mesmo à revelia do resultado das urnas.
Derrotado, Jair Bolsonaro pôs em prática o plano para dar um golpe de Estado com o intuito de permanecer sentado na principal cadeira da República. A intentona mal-ajambrada esbarrou no sentimento de legalidade das Forças Armadas (Exército e Aeronáutica) que não aderiram à sua conspiração golpista. Processado por esse crime, foi, agora, condenado a 27 anos de cadeia e, desmantelado e sem perspectiva de poder, é abandonado por todos aqueles que antes apostavam nele as suas fichas. O rei está nu; o "mito" morreu e, Bolsonaro, já era...
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