JOAQUIM MARIANO, A GESTANTE E A MANGA
Nos idos anos 60,
Joaquim Mariano já era proprietário de vastas terras, fruto de um trabalho
incansável de quem começou do nada. Por conta disso, Mariano não se apartava do
cuidado de preservar o que era seu, não gostando de dar nada a ninguém. Todos os
seus moradores sabiam disso e tinham muito cuidado em não contrariá-lo. Certa
vez, um desses seus empregados, atravessando uma de suas propriedades
acompanhado de sua mulher que estava gestante, esta, desejou chupar uma das
mangas que estavam dependuradas num galho de frondosa mangueira. Admoestada
pelo marido, escusou-se de consumar seu desejo por medo de ser duramente
repreendida pelo patrão. Ao chegar em casa, já à tardinha, a mulher botou pra
morrer. Não deu outra: no meio da noite, perdeu a criança. O marido, com as
mãos na cabeça, preocupado com a saúde da mulher e com o sepultamento do
natimorto, decidiu recorrer a Joaquim Mariano. Foi pra rua e, lá chegando, foi
à casa de seu patrão.
- Bom dia “seu”
Joaquim.
- Bom dia, João, o
que há?
- João contou a história e emendou:
- Pois é, “seu”
Joaquim, agora eu quero que o senhor me dê uma ajudinha pra eu resolver as
coisas lá em casa. Afinal de contas, tudo aconteceu por causa da manga que eu
não deixei a mulher chupar...
Joaquim Mariano
levantou-se da cadeira em que se encontrava, respirou fundo e disse:
- E, é o
seguinte, João, eu não vou dar uma ajudinha não. Eu vou pagar é a despesa toda,
pois, um menino que, antes de nascer já estava de olho no que é alheio, não
deveria mesmo nascer. Imagine o que ele não ia fazer mais tarde?
O velho pagou
tudo e João, satisfeito, foi embora acompanhar a convalescença da mulher.
(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 12 DE
AGOSTO DE 2019)
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