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terça-feira, 13 de agosto de 2019

PERFIS DE PRINCESENSES ILUSTRES





EXPEDITO LEANDRO DE CARVALHO, mais conhecido como “TOZINHO”, nasceu em Princesa em 14 de janeiro de 1921 e era filho de José Ferreira Primo (Ferreirinha) e de dona Cícera Leandro de Carvalho. Casou-se, em 10 de janeiro de 1947, com dona Terezinha Leandro de Carvalho, com quem teve os seguintes filhos: Tito Lívio; Francisco Leandro; Marcos Aurélio; Maria do Carmo; Maria Eduarda; José de Arimatéia; Maria Betânia; Melquizedec e Zíbia Maria. Foi alfabetizado na escola da professora Maria Alice Maia e fez o curso primário no Grupo Escolar “Gama e Melo”. Desde cedo, Tozinho, deu sinais de ser possuidor de uma Inteligência privilegiada, voltada para as coisas da mecânica. Na verdade, o nosso biografado era mesmo um verdadeiro inventor. Curioso, encontrava solução para qualquer problema que lhe chegasse às mãos e, quando não podia consertar um equipamento, inventava um novo. De temperamento irascível, não suportava perguntas imbecis e tinha pouquíssima paciência com os de inteligência inferior. Paradoxalmente, era espirituoso por natureza, contador de histórias interessantes e grande piadista. Em reunião com pessoas, destacava-se sempre por sua capacidade de agradar a todos com boa conversa e tiradas de bom humor.

O artista
    
 Tozinho tinha habilidades as mais variadas: de confeccionador e soltador de balões a consertador de carros (nesse tempo não havia oficinas para veículos automotores em Princesa), tudo fazia de acordo com sua autossuficiência, uma vez nada haver aprendido com alguém. Quando a prefeitura municipal de Princesa fez a aquisição de um motor para a geração de energia elétrica, através do empenho do prefeito José Pereira Cardoso, em 1940, sabedor que o chefe do Poder Executivo municipal pensava em contratar um técnico da cidade do Recife para operar a máquina, Tozinho ofereceu-se para fazer um teste e, para espanto de todos, pôs o engenho para funcionar e passou a ser o técnico oficial da geração de energia da cidade. Conta-se que o prático [Tozinho] de grande e engenhosa inteligência - nesse mister -, confeccionava as ferramentas de que necessitava para a operação do chamado “motor da luz”. Nessa atividade, Expedito Leandro era auxiliado pelos ajudantes Zé Orestino e “Piga”. Tozinho, que, mais tarde tornou-se funcionário da SAELPA – Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba (atual Energisa), responsável pela distribuição de energia elétrica no estado da Paraíba era também – no tempo do motor -, o encarregado de, todas as noites, dar o “aviso” de apagamento da iluminação pública: às 09:00 horas da noite, as luzes acendiam e apagavam, dando o primeiro “aviso” para que todos recolhessem suas cadeiras das calçadas, botassem as crianças que brincavam na rua para dentro de casa e começassem seu recolhimento noturno; às 09:15 horas, ocorria o segundo e definitivo “aviso” e, às 09:30 horas, acontecia o apagamento geral. Com a chegada da energia elétrica gerada pela usina hidrelétrica de “Paulo Afonso”, em 1968, era também Tozinho o responsável por acionar o acendimento da iluminação pública, às 18:00 horas e apagá-las, às 05:00 da manhã, o que o fazia de sua própria cama de dormir.

Responsável pelas projeções do cine “Santa Maria”
     
 A partir da década de 1950, quando os frades da Ordem Carmelita passaram a ter o comando do cinema de Princesa – Cine “Santa Maria” -, Tozinho foi convocado para ser o responsável pelas projeções cinematográficas. Além de operar o equipamento projetor, o consertava quando desmantelado e emendava as fitas que frei Alberto Carneiro Leão mandava cortar para evitar que cenas “obscenas” como beijo na boca fossem projetadas na tela. Exímio nessa arte, o fazia com perfeição ao ponto de os próprios donos dos rolos de filme jamais constatarem algum defeito nas fitas. Expedito Leandro de Carvalho, além de tantas atividades, mantinha, em casa, uma oficina completa, tanto para consertar como para inventar “estrovengas” que só ele sabia fazer: fabricava lâmpadas; fechaduras de portas; segredos para cofres; enfim, tudo que lhe viesse à cabeça. Gostava também de ler e de escutar músicas em sua radiola onde executava seus discos de vinil. Viveu pouco. Acometido do mal “diabetes” e muito desobediente às recomendações médicas quando não observava a necessária dieta para pacientes portadores desse mal, veio a falecer, vítima de coma diabético e insuficiência renal, precocemente, em 27 de agosto de 1986 aos 65 anos de idade. Pelo muito que contribuiu para o desenvolvimento de sua Terra através de suas habilidades técnicas, artísticas e de inventor que era, está Expedito Leandro de Carvalho - o nosso “professor pardal” -, a merecer figurar no panteão dos ilustres filhos de Princesa.

(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 13 DE AGOSTO DE 2019).

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