ODE

quinta-feira, 26 de março de 2020

É O NUNCA MAIS DA MORTE




A notícia do falecimento de alguém é sempre chocante e nos pega de surpresa, mesmo quando já o esperamos. O supetão é sempre tormentoso. Porém, quando se trata do desaparecimento de alguém por nós querido, depois do trauma da triste notícia vem a reflexão sobre a dimensão da perda. É o nunca mais da morte. A inexplicabilidade da vida é coroada com o mesmo entendimento quando a morte chega. Hoje, logo cedo, fui surpreendido com a triste notícia de que partiu a minha querida amiga Maria Aquina. No rápido e comovente velório, escutei de Sineyde Barros, uma observação que me fez refletir quando de lá saí. Ela disse: “Quando morre alguém que não demonstra vontade de viver, que é triste, depressiva, até digerimos melhor. Porém, quando é ceifada a vida de quem sempre primou pela vida e pela vontade de viver, isso nos faz mais tristes.”. Foi isso o que aconteceu. Aquina sempre viveu intensamente e louca pela vida. Alegre, divertida, bem humorada, espirituosa, era assim a minha amiga a que se foi hoje. No momento do lucro, na hora de auferir as benesses de uma vida dedicada à família foi, inexplicavelmente, acometida de terrível mal que enfrentou com a mesma disposição de enfrentou outraspequenas e naturais agruras da vida. Em que pese ser desigual a luta, pois, o inimigo era feroz, mesmo assim venceu inúmeras batalhas, sucumbindo à última porque, o inimigo, vendo que não a venceria a debilitou ao ponto de não lhes conceder mais forças para lutar. Hoje, Aquina perdeu a última batalha. Chegado em casa, fui refletir: quão insignificante é a vida para nós hospedeiros dela. Ela se vai e nos deixa inânimes, sem sopro algum e logo a hospedaria tem de ser descartada. É o nunca mais da morte. O resto, o que fica é a lembrança e a saudade. No caso de Aquina, a lembrança dos momentos alegres de nossas confraternizações, das cachaças no “Cavaco”, das zonas que fazíamos uns dos outros. Eu a chamava de “bicha” e ela me chamava de “tai-de-faca”. A nossa convivência vem de há muito, desde o início de nossos casamentos: eu e Ilva, ela e Zoma. Da política quando estive sempre ao lado de doutor Zoma em suas candidaturas, ocasiões em que Aquina participava ativamente. Quando fui candidato a prefeito, em 2012, Aquina foi a coordenadora geral do meu comitê eleitoral. Tomou conta e deu conta. Prefeito convidei-a para reorganizar a Secretaria de Educação e, mesmo a contragosto, aceitou. De novo, tomou conta e deu conta. Aquina nunca me faltou e sempre privei da amizade dela e de Zoma. Mesmo sem convivência diária, nossa amizade era verdadeira e recíproca. Por conta de tudo isso, depois do fato consumado, sinto um imenso vazio.; uma grande tristeza. É o nunca mais da morte. Mesmo com essa tristeza que me invade agora, entendo que a morte faz parte do ciclo da vida, mesmo quando ela nos priva do convívio com quem gostamos. Não há alternativa senão aceitar com resignação essa vileza da vida. Perder uma amiga como Maria Aquina é muito triste, porém, nos resta como consolo o legado de sua vida, mesmo porque com ela, tristeza não combina. Viva Aquina! É o nunca mais da morte.


(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 25 DE MARÇO DE 2020).

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