Quando criança, eu gostava de escutar os mais velhos
conversando nas calçadas de Princesa e, na qualidade de curioso que sempre fui,
ficava impressionado com os ditos daqueles anciãos iletrados que se diziam
experientes (somete pela idade avançada) e que sabiam de tudo. Ouvi muitas
vezes que, nos anos 1970, nego ia virar macaco; que ao ano 2000 não
chegaríamos; que, atendendo praga rogada pelo padre Cícero Romão Batista, o
sertão ia virar mar e, ainda da lavra do padre milagreiro, que os penicos iam
subir e, as cadeiras iam descer. Isso nós já estamos vendo em Princesa. Mas,
não é sobre esse assunto que vou falar hoje. O assunto em pauta é a chuva.
Parece que o sertão vai mesmo virar mar. Não bastassem os já quase 600
milímetros (aqui, a média anual de precipitações pluviométricas em um ano
normal é de 800 mm.) de chuvas caídas neste ano em nosso sertão, de anteontem
para cá, os céus abriram as comportas. Nesses últimos dois dias já caíram sobre
Princesa, mais de 200 milímetros de água. Só no domingo, tivemos 15 horas
ininterruptas de chuvas constantes, o que resultou em 98 mm. Ontem, choveu 110
mm. Desde 1994 não víamos inverno tão pródigo (se fosse lá no “sul maravilha”,
o adjetivo, ao invés de “pródigo”, seria “trágico”). Depois daquela longa e
tenebrosa estiagem (2012/2016), exultamos agora com essa fartura d’água que
está alimentando o Jatobá e demais mananciais que rodeiam a cidade. A continuar
assim, poderemos até ver o Jatobá transbordar (sangrar), o que não acontece
desde 2011. Com tanta chuva, o sertão vai virar mar sim, mas, um mar de fartura
e de muita água para dar de beber ao povo que vem sofrendo a precariedade do
abastecimento atualmente aqui em Princesa. Lave as mãos!
(ESCRITO POR DOMINGOS
SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 17 DE MARÇO DE 2020).
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