ODE

sexta-feira, 17 de junho de 2022

Uma lei para dessacralizar a blasfêmia

Já não é sem tempo que uma definitiva providência deva ser tomada. Alguns países, mundo afora, já resolveram o problema da herética e hipócrita mistura de política com religião. Em quase todas as Cartas Constitucionais das nações Ocidentais, consta a obrigatoriedade da separação entre Estado e Igrejas (sejam elas de que culto for). O Estado é laico, é isso que rezam as Constituições. No entanto, o que vemos, no Brasil, não é isso. É constante nos depararmos com políticos - sem escrúpulo algum – usando o nome de Deus em vão.

No Brasil, por exemplo, temos um presidente da República que tem como lema de governo: “O Brasil acima de todos e, Deus, acima de tudo”. Esse mesmo presidente – que não perde oportunidade para invocar o nome de Deus em vão -, governa um país que tem 33 milhões de pessoas passando fome; é o mesmo que esnobou os milhares de mortes por covid-19 quando disse: “Eu não sou coveiro”, ou quando imitou uma pessoa sem ar, zonando com os pacientes acometidos do coronavírus. Esse homem acredita em Deus?

A heresia e a blasfêmia não param por aí, nem se restringem ao senhor Jair Messias Bolsonaro. Na parede principal do Plenário do STF, está dependurado um crucifixo (a imagem do Cristo crucificado) que, pregado numa cruz e sem poder dali sair, presencia, inerte e impotente, todo tipo de manobras judiciais que ali acontecem. Na Câmara Federal, existe uma bancada formada por deputados evangélicos, alguns deles ávidos em oferecer benesses do governo em troca de barras de ouro. Isso tem a bênção de Deus?

Urge, portanto, que seja elaborada uma lei que separe, de verdade, o que é política do que é religião. Afinal de contas, nem todos os que compõem os três poderes da República professam alguma religião. Bralhar as duas coisas é herético, blasfemo e, principalmente hipócrita. Nenhum desses idólatras que cultuam imagens e usam o nome de Deus em benefício de seus interesses eleitoreiros, acredita Nele. Se o Estado é laico, que se abula o abuso no uso da imagem sagrada de Deus.








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