“A HERÓICA RESISTÊNCIA DE PRINCESA”
JOSÉ GASTÃO CARDOSO
O livro, “A Heróica Resistência de Princesa”, do escritor
José Gastão Cardoso, com 89 páginas, começou a ser escrito em 1949 e foi
publicado em 1954, pela Editora Artes Gráficas da Escola Industrial Governador
Agamenon Magalhães, do Recife. O autor, ainda adolescente - princesense por
adoção -, chegou a Princesa no dia 20 de fevereiro de 1915, acompanhado de seus
pais e irmãos, emigrado do agreste pernambucano. Sua família fixou residência
na então Vila e aqui morou até a eclosão do movimento revolucionário de 1930.
José Gastão Cardoso, foi testemunha da fase áurea por que passou o município de
Princesa na década de 1920. Excerto da publicação em tela:
“(...) evidentemente, um novo ritmo
de vida, forçado pelo progresso demográfico, veio tonificar os músculos do
velho organismo político do município, com a renovação dos seus quadros
econômicos e sociais. A velha aspiração política dos filhos da terra
concretiza-se com a elevação da vila a categoria (sic) de cidade (18/11/1921). É o comêço de uma fase de grande
prosperidade para Princesa. Quando na presidência da República o Dr. Epitácio
Pessoa, ela foi grandemente beneficiada com os serviços de obras contra as
sêcas, graças ao prestígio do seu chefe, deputado José Pereira, a quem aquêle
homem público devia a vitória da sua campanha política de 1915”.
Autodidata e dado à leitura, Gastão logo caiu nas graças do
Coronel, se tornando seu secretário particular. Afeiçoaram-se em verdadeira
amizade o que proporcionou ao autor do livro em análise, um conhecimento
profundo da personalidade de José Pereira Lima. Isso, ao invés de ajudar no
entendimento da obra aqui abordada - por conta da extrema admiração do autor,
pelo coronel -, desmerece um pouco o relato em face da obstinada facciosidade
de José Gastão quanto aos acontecimentos que procederam à Guerra de Princesa.
Em muitos pontos da publicação, José Gastão, de forma parcial, transforma o
escrito numa ode ao Coronel, o que prejudica o valor histórico da publicação. Mesmo
assim, faz-se leitura indispensável para aqueles que intencionam tomar
conhecimento da nossa história.
Na verdade, “A Heróica Resistência de Princesa”, foi uma das
primeiras obras escritas sobre os acontecimentos de 1930 em Princesa e uma das
mais corajosas quanto às informações sobre as perseguições perpetradas contra
os aliados de Zé Pereira no período pós-Revolução. O autor inicia os escritos
que relatam os fatos - 19 anos depois -, no calor dos sentimentos pela recente
morte do coronel José Pereira (13/11/1949), realçando muito mais – movido pela
dor da perda - as qualidades de seu idolatrado amigo e o ódio devotado aos
inimigos do líder político, do que mesmo a verdade imparcial dos acontecimentos
históricos.
Basta ver que José Gastão é o primeiro a pôr no papel,
informações sobre os desmandos cometidos pela nova ordem revolucionária, sob o
comando do prefeito nomeado, Nominando Muniz Diniz, contra os correligionários
do coronel José Pereira. Extraído do livro de Cardoso, no capítulo “O Ambiente
Político”, temos o que diz o autor, sobre os executores da nova ordem
revolucionária em Princesa:
“O que fêz repugnar a consciência,
naquela hora dramática do fim da campanha, foi a atitude pusilânime dos
fariseus que se alapardaram por detrás de uma falsa neutralidade para comprar
as posições a trôco de bajulações e alegações de pseudo-vítimas da guerra civil
(...). Os oportunistas insinuaram-se para as posições que vieram a ocupar, na
ausência de elementos credenciados para assumir a direção do município, naquela
hora delicada. Certo é que, de posse das posições, os trânsfugas, que outrora
mereceram do Sr. José Pereira a melhor acolhida, tornaram-se os maiores algozes
da terra onde viveram com tôdas as garantias. O clima político do tempo de José
Pereira, era tão saturado de liberdade que os oportunistas não querendo tomar
parte na luta, se retiraram do município para, de longe melhor urdirem os seus
planos sinistros”.
Gastão discorre, de forma minuciosa, sobre o arrombamento do
cofre do Coronel para o resgate de cartas comprometedoras; sobre as prisões e
desmoralizações públicas de correligionários do chefe político e sobre a
“sumária e incisiva” ordem do interventor, Antenor Navarro: “É preciso arrancar a língua do povo de
Princesa!”. Aborda também, ao longo do escrito, informações sobre os
aspectos geográficos, sociais, econômicos, culturais e políticos do município
de Princesa, desde o início de sua formação histórica até os últimos dias do
ano de 1930. Em que pese o esmero em louvar seu ídolo e a parcialidade quanto
aos relatos sobre os fatos ocorridos durante e depois da Guerra de Princesa, “A
Heróica Resistência de Princesa” é obra indispensável para aqueles que desejam
entender a nossa história.
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