Tertuliano Nunes de Morais (1923-2023), mais conhecido como
Terto, era homem de muitas facetas. Nascido no município pernambucano de
Flores, migrou para Princesa ainda na primeira metade do século passado,
estabeleceu-se em Tavares, encetou namoro com Terezinha, que era filha de
Severino Carlos de Andrade e que seria o primeiro prefeito daquela cidade,
casou-se e com ela teve seis filhos: Morais, Tenório, Tiago, Cristina, Isabel e
Tatiana. Imbuído da vontade de servir inventou de ser médico sem diploma e
fundou em Tavares uma Casa de Saúde, onde, juntamente com sua esposa Terezinha,
passaram a receitar, operar, fazer partos, enfim, cuidar da saúde do povo
daquela cidade.
Não bastasse isso, Terto enveredou na seara política. Foi
prefeito de Tavares por várias vezes e, sua mulher, por outras tantas.
Comandavam o município acobertados por altíssima popularidade. Talvez tenha
sido, Terto, o homem que mais teve compadres e afilhados na nossa região. Na
qualidade de amigo de todos, sua casa era um beco que permitia a todos
atravessar da rua principal para a rua de trás onde ficava sua Casa de Saúde
sem pagar ingresso. Nas segundas-feiras, dia da Feira Livre de Tavares, a casa
de Terto e Terezinha mais parecia um restaurante comunitário: quem ali chegava,
bastava sentar-se à mesa e se empanturrar da comida farta daquela casa.
Terto de tudo fez na vida. Além de político foi “médico”,
boêmio, historiador e outras coisas mais. Como político, servia de forma
indiscriminada; como profissional da Saúde, salvou muitas vidas; na qualidade
de boêmio, fez de tudo: bebeu, fumou, jogou e, até namorar, fez parte de suas
atividades mundanas, mas sempre respeitando seus laços matrimoniais com sua
amada Terezinha; historiador que foi, sabia tudo sobre o Cangaço e sobre o
forró cantado por Elba Ramalho e o rei do Baião Luiz Gonzaga. Com seu lenço
amarrado no pescoço se caracterizava como um verdadeiro nordestino que amava as
coisas da nossa região.
Já em idade madura, Terto, que só tinha formação fundamental,
inventou de estudar o ginasial e o curso científico e quase formou-se advogado.
Sua vontade de construir e de realizar o acompanhou durante toda sua vida.
Nunca envelheceu de verdade, sempre perseguia objetivos. A vida longa de Terto,
repleta de realizações, apagou-se ontem (8) de forma tranquila quando deu seu
último suspiro em sua casa, rodeado de familiares e completo de conforto. Foi
em paz esse homem que, aqui na terra, cumpriu o seu papel e deixou o seu legado
para a posteridade. Vai em paz meu amigo.
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