ODE

sexta-feira, 17 de maio de 2019

PERFIS DE PRINCESESNSES ILUSTRES




      
Francisco Soares de Araújo, nascido em Princesa em 19 de março de 1926, filho de Antônio Soares de Araújo e de dona Quitéria Lopes de Araújo, era conhecido também como Chico Soares e, mais tarde, graças ao seu extraordinário talento, recebeu a alcunha de “CANHOTO DA PARAÍBA”. Segundo o escritor Paulo Mariano: Músico, violonista talentoso e compositor inspirado. CANHOTO, assim chamado porque tocava o violão sem inverter as cordas, pois, em sua casa, onde seus irmãos – destros -, também tinham afinidade com o único instrumento comum a todos, teve de aprender a executar no violão com as cordas na forma convencional, mesmo tocando com a mão esquerda. Aprendeu a tocar sozinho. Pode-se dizer que Chico Soares foi uma virtuose do violão. Além de tocar era também compositor. Foi louvado e admirado por vários músicos, maestros, cantores e produtores musicais famosos que o elogiaram pelo seu raro talento, a exemplo de Radamés Gnattali, Jacob do Bandolim, Henrique Annes, Nelson Ferreira, Rafael Rabello, Paulinho da Viola, dentre outros.
     Aos dezoito anos migrou, Chico Soares, para a cidade do Recife onde começou a se apresentar nos programas musicais das rádios da capital pernambucana. Dali, após a formação de um conjunto regional, assinou contrato com a “Rádio Tabajara” em João Pessoa onde apresentou seu talento entre 1953 a 1957 quando retornou ao Recife passando a fazer parte do grande elenco de músicos da “Rádio Jornal do Comércio do Recife”. Já reconhecido no meio artístico, participou de um sarau na residência de Jacob do Bandolim onde foi aplaudido pela fina flor da intelectualidade musical brasileira pela “sua maneira inusitada de tocar violão”. Nessa mesma ocasião, foi também aplaudido pela fina flor das rodas de choro do Rio de Janeiro. Estava então, o talento do princesense, consolidado e se disseminando pelo Brasil, pois, dentre os que aplaudiram o já então alcunhado de “CANHOTO DA PARAÍBA”, estavam Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Paulinho da Viola, Radamés Gnattali, Dilermando Reis, a pianista Tia América, dentre outros. Em 1977 fez parte do “Projeto Pixinguinha” ao lado de Paulinho da Viola, quando percorreu o Brasil em larga excursão. Em 1994 participou do “Festival Heinnecken Concerts”, no Hotel Nacional do Rio de Janeiro ao lado novamente de Paulinho da Viola e do ícone baiano Gilberto Gil. Gravou vários discos, dentre eles: “Único Amor” (1968); “Canhoto da Paraíba: Um Violão Brasileiro Tocado Pelo Avesso” (1977); “Pisando em Brasa” (1993); ”Com Mais de Mil” (1994). Compôs mais de duzentas músicas e teve inúmeras gravadas pelo grupo “Época de Ouro” e pelo famoso Toquinho. Segundo o crítico musical Hermínio Bello de Carvalho: “Canhoto é um mestre na arte da composição e um virtuose em seu instrumento”.
     Foi, o nosso artista maior, agraciado com os títulos: Cidadão Pessoense e Cidadão Paraibano e também de Cidadão Pernambucano, outorgados pela Câmara Municipal de João Pessoa e pelas Assembleias Legislativas dos estados da Paraíba e de Pernambuco, respectivamente. Em 1998 sofreu um acidente vascular cerebral que o tornou impossibilitado de continuar executando sua primorosa arte de tocar violão. Falto de recursos financeiros, foi agraciado pelo Governo da Paraíba com uma pensão que lhe ajudou a manter-se em seus últimos anos de vida. Nosso Chico Soares veio a falecer, na cidade de Paulista/PE, em 24 de abril de 2008. Em sua homenagem, este que escreve, quando exercia o cargo de vereador, apresentei à Câmara Municipal de Princesa um Projeto de Lei instituindo a “Semana da Cultura Princesense”, dando como data-referência, 19 de março, o dia do nascimento do CANHOTO DA PARAÍBA, o que foi aprovado por unanimidade e sancionado pelo então prefeito Thiago Pereira de Sousa Soares que fez promover a primeira “Semana Cultural” em março de 2009, quando foram expostos os trabalhos de Chico Soares e de vários outros artistas princesenses, porém, tendo como foco principal a obra do nosso artista maior: CANHOTO DA PARAÍBA. Em 2010, por iniciativa do pesquisador Francisco Florêncio e do vereador Irismar Mangueira - com o apoio da Prefeitura Municipal de Princesa -, foram transladados, de forma solene com missa e exéquias, os restos mortais de CANHOTO DA PARAÍBA para o cemitério de Princesa, onde repousa até hoje o espólio material daquele que fez brilhar o nome da nossa Princesa por todo o Brasil.


ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO EM 16 DE MAIO DE 2019.

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