ODE

terça-feira, 4 de junho de 2019

PERFIS DE PRINCESENSES ILUSTRES



ANTÔNIO EUGÊNIO BESÊRRA, nascido em Princesa em 25 de maio de 1932, era filho de Joaquim Eugênio Bezerra e de dona Maria Philomena de Andrade. Solteiro, tinha como irmãos: Paulo; Vital e Maria da Conceição (mais conhecida como “Cunca”). Do primeiro casamento de seu pai, tinha vários irmãos, um deles, o competente fotógrafo “Dão Eugênio”. Antônio Eugênio foi criado em Princesa onde sempre morou juntamente com sua mãe e sua irmã “Cunca”. fez o curso primário no então Grupo Escolar “Gama e Melo”; continuou seus estudos no então Ginásio “Nossa Senhora do Bom Conselho” , fazendo o curso médio - optando pela formação Clássica -, nessa mesma escola. Findo os estudos possibilitados em Princesa, Antônio matriculou-se na Escola de Dactilografia de dona Juanita Cardoso onde se apresentou como aluno exemplar, sendo reconhecido – ao término do curso -, como um exímio datilógrafo. Animado pela capacidade desenvolvida nesse ofício, fundou, ainda em 1960, a Escola de Datilografia “25 de Maio”. Nessa empreitada, obteve êxito total, pois, com a crescente necessidade de pessoas habilitadas na arte de datilografar (bater máquina), quando o desenvolvimento do Brasil “juscelinista” aportava também nas terras princesenses e aqui, além de serem instaladas várias novas repartições, as que já existiam viam-se obrigadas à adoção do uso da revolucionária máquina de escrever. Com isso, sua escola – única na região -, passou a formar jovens interessados em serem admitidos em empregos públicos. Vinham de todas as cidades polarizadas por Princesa e, as formaturas das turmas de alunos aconteciam com grande pompa, o que incluía Missa Solene, patronos, paraninfos, padrinhos, entregas de diplomas e baile. Não se contentando apenas com a Escola de Datilografia, Antônio instalou também (no prédio onde funcionava sua escola), um Teatro que contava com pequeno palco e auditório onde eram encenadas peças teatrais; apresentados jograis, acompanhados de cantos orfeônicos; atrações circenses adaptadas; dentre outras atividades culturais. Os cenários do Teatro (fartos de cortinas e enfeites) eram criados pelo próprio que também dirigia as peças teatrais. Isso trouxe grande contribuição para o desenvolvimento da cultura princesense nas décadas de 60 e 70. Além das atividades como professor e teatrólogo, Eugênio era também, calígrafo, alfaiate e modista. Na qualidade de especialista em caligrafia, desenhava todo tipo de letras, com destaque para as “góticas” que são de dificílima execução, tendo sido ele o último princesense detentor da capacidade de fazê-las. Como alfaiate (profissão comum antes do advento da comercialização das chamadas “roupas feitas” ou “confecções”), apesar de míope, era Eugênio um ás do desenho e da tesoura; era especial, pois, enquanto existiam, em Princesa, vários alfaiates: Arlindo Silva; Edeildo Veras; Inácio Dias; Walter Barreto, dentre outros, para confeccionarem roupas para pessoas do sexo masculino e, modistas (mulheres) para desenharem e costurarem roupas para as mulheres, Antônio Eugênio realizava as duas coisas: além de desenhar os modelos, os confeccionava para ambos os sexos. Além de costurar roupas normais e comuns, elaborava e confeccionava fantasias para bailes de carnaval, máscaras para os “caretas” que desfilavam pelas ruas de Princesa na festa de “Momo” e alegorias para os desfiles do dia “7 de Setembro” e outras datas comemorativas. Frequentava a Igreja Católica e colaborava também na organização e nos ornamentos das festas tradicionais. De temperamento tímido, mesmo assim era bem humorado e piadista sutil. Reservado pela sua condição de diferente, sempre foi muito respeitoso e respeitado por todos. Como vemos, Antônio Eugênio Besêrra (assim mesmo com “s” acentuado por erro do Cartório), em que pese ter prestado grande contributo para a educação, a cultura em geral e o folclore de Princesa, nunca recebeu sequer uma menção de reconhecimento pelo muito que fez por sua Terra. É tanto que, para a elaboração e divulgação deste pequeno Perfil Biográfico, careceu este que escreve de uma fotografia do homenageado e, até agora, em que pese garimpagem por vários setores da cultura de Princesa, nada encontramos em termos de registro fotográfico de Antônio Eugênio para ilustrar esta publicação. Solteiro e sem filhos, após a perda da mãe, sua irmã mudou-se para a capital pernambucana deixando-o morando sozinho. Acometido de um mal que lhe minou a saúde, veio a falecer com problemas respiratórios graves, em 1994, na cidade do Recife e, lá sepultado, ficou no esquecimento de seus conterrâneos, principalmente dos mais jovens que, desvalidos de quaisquer referências biográficas àquele artista de grande importância para a nossa história cultural, têm agora resgatada parte de sua memória. Pelo muito que representou, acredito estar, Antônio Eugênio, à merecer a homenagem de todos os filhos de Princesa.


(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO

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