ODE

sábado, 27 de julho de 2019

PERFIS DE PRINCESENSES ILUSTRES





MARÇAL LIMA NETO nasceu em Princesa, em 15 de novembro de 1918 e era filho de Clementino Florentino Lima e de dona Carolina Rosa de Lima. Casou-se com dona Nancy Marques Lima com quem teve os filhos: Wilma; Paulo Veronese; Wellington e Marçal. Estudou as primeiras letras na escola do professor Adriano Feitosa Cavalcanti e concluiu o curso primário no Grupo Escolar “Gama e Melo”. Foi esta a formação educacional de Marçal. Porém, autodidata e amante da leitura, aprimorou-se adquirindo instrução bastante para exercer cargos relevantes como o de Tabelião do Cartório do Segundo Ofício de Princesa. Além dessa atividade, funcionou também como rábula e juiz substituto. Porém, foi na política de bastidores que o inteligente notário destacou-se. Parente próximo, correligionário e amigo incondicional de Nominando Muniz Diniz (“seu” Mano), adentrou no campo da política como um dos principais articuladores do partido nominandista. Esteve sempre ao lado de doutor Antônio Nominando Diniz e foi um de seus principais assessores quando este foi prefeito de Princesa. Marçal era tão próximo de Nominando que, não fora um trágico acidente de percurso, teria sido seu sucessor como prefeito de Princesa. Senão, vejamos nesse excerto do livro de minha autoria: “Princesa – História e Voto” – Mídia Editora – 2019 – João Pessoa/PB – pp. 226 e 267:
     “(...) O grupo “Diniz”, conforme informações colhidas tinha já sua preferência centrada, desde 1968, no nome do senhor Marçal Lima Neto para a sucessão municipal de 1972. Era nome consensual dentro da agremiação partidária, pois, homem capacitado, leal, articulado, honesto e sem nenhuma rejeição interna - tinha bom trânsito junto aos adversários uma vez que se dava bem com todos e, dentro do partido, desfrutava da total confiança, tanto de Maria Aurora como das demais lideranças e, principalmente, do prefeito Antônio Nominando, de quem era muito amigo. Marçal Lima era tão hábil em suas atitudes sociais que, quando promovia saraus em sua residência - oportunidade em que sua esposa, dona Nancy Marques Lima, exercitava seu dom de cantora -, convidava até adversários políticos.  Estava tudo redondo até o dia 06 de janeiro daquele ano de 1972 quando, um infarto fulminante, ceifou a vida do homem que propugnava os interesses do partido e que, em eventual “pacificação” política, uniria os dois grupos antagônicos, uma vez ser o mesmo, completamente digerível, tanto pelo grupo “Pereira” quanto pelo seu próprio grupo político. Tinha Nominando a certeza de que sendo Marçal o nome escolhido, nenhuma dissensão ocorreria no seio de sua agremiação partidária. Diante do trágico imprevisto e, órfãos do consensual Marçal Lima, partiram os dois lados, em busca do nome que melhor acondicionasse os interesses de ambos os lados, mesmo porque, naquele momento, reinava uma trégua surda, como se já não existissem mais diferenças substanciais entre os dois tradicionais grupos da política princesense.”.
     Marçal Lima não se ateve apenas às atividades notariais e políticas. Foi também um grande incentivador do esporte princesense. Em 1970, quando o então prefeito Antônio Nominando conseguiu a filiação das equipes de futebol de Princesa à Liga Desportiva Estadual, Marçal acolitou sob sua responsabilidade o time de futebol “Central Esporte Clube”, fazendo dessa equipe, a melhor de Princesa e proporcionando a conquista de vários títulos, inclusive em cidades de outro Estado. O tabelião cuidava do “Central” como se fora seu. Instalou a equipe em uma garagem vizinha à sua residência, suprindo a todos de tudo o que necessitavam inclusive alimentação e indumentárias, no mais das vezes, às suas próprias expensas. Por ocasião da realização de jogos importantes, promovia desfiles alegóricos pelas principais ruas da cidade. Além disso, contratava jogadores de fora para reforçar o escrete, a exemplo de Reinaldo e dava total apoio ao craque “Cotôco”. Enquanto esteve vivo Marçal, o “Central” brilhou nos gramados princesenses e em outros campos, sempre na condição de campeão. Com a prematura morte do notário, não só o “Central”, mas o futebol de Princesa entrou em franca decadência. Privados da presença desse ilustre cidadão perdeu Princesa, tanto na política quanto no esporte e nas promoções sociais. Pelo grande desprendimento de servir à sua Terra sem interesses pessoais e por haver sido um cidadão conceituado e pai de família exemplar, está Marçal Lima a merecer figurar na galeria dos ilustres filhos de Princesa. Marçal Lima Neto morreu, precocemente, de infarto do miocárdio, aos 53 anos de idade.


(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 27 DE JULHO DE 2019).

4 comentários:

  1. Obrigado pela impecável e precisa matéria sobre meu saudoso pai, sua escrita melhora a cada dia.
    Marçal Lima Júnior

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  2. Caro Dominguinhos. Agradeço-lhe pela lembrança e registro históricos com os quais você se reporta à pessoa do meu querido e sempre lembrado pai. A fatalidade não conhece e nem respeita pessoas e lares. Meu pai morreu jovem e em plena atividade intelectual,
    deixando uma família completamente consternada. É a vida. Ou seja, o lado obscura da existência que é assim. Aproveito esta oportunidade para dizer-lhe que você deve continuar com sua mais recente atividade de escritor. Quer seja pelo seu talento natural para esse dificílimo ofício, quer seja pelo bem histórico e cultural que será feito em nome de Princesa. Se não contarmos a nossa história, quem a contará? Receba o meu fraternal abraço.

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  3. Não conheci o Sr. Marçal Lima pessoalmente, mas conheço a história de vida deste bom homem, amigo incondicional de meu bisavô, amizade que ultrapassa gerações, pois os filhos e netos são muito amigos meus e de minha mãe!!! Orgulho desta amizade!!!

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