PERFIS DE PRINCESENSES ILUSTRES

LUIZ GONZAGA DE SOUSA, mais conhecido como GONZAGA BENTO, nasceu no sítio Cafundó do então Distrito de Tavares, pertencente a Princesa, em 27 de maio de 1929. Era filho de Severino Bento de Sousa e de dona Maria Amélia Marques de Sousa. Após um conturbado namoro, à revelia de seu futuro cunhado Aloysio Pereira, que não concordava com a união casou-se, em 1955, com dona Luiza Pereira Lima, mais conhecida como Luizinha, que era filha do coronel José Pereira Lima. Dessa união matrimonial, nasceram os filhos: Rosane e Humberto. Em idade escolar, veio para Princesa onde se matriculou na Escola do professor Adriano Feitosa para fazer o curso primário. Concomitante com os estudos trabalhava como balconista na loja de tecidos de seu pai. Fez o curso secundário no Colégio “Monte Carmelo” em Princesa, período em que residiu na casa do senhor Benedito Florentino Lima, amigo de seu pai. Mais tarde, fez o curso supletivo e chegou a prestar vestibular para o curso de Direito. Nesse intento não logrou êxito. Desistiu de estudar e passou a dedicar-se completamente à política e aos seus negócios. Gonzaga era leitor voraz, tendo preferências pelos autores: Humberto de Campos e Augusto dos Anjos. Apreciava também poesia e versos de cordel, principalmente os produzidos por Patativa do Assaré e Pinto de Monteiro. Em sua casa, mantinha uma pequena biblioteca que era, para ele, um verdadeiro tesouro. Mas foi mesmo a política que encantou Gonzaga Bento. Talvez inspirado pelo pai que foi vereador em 1947 e também por ser grande admirador do político princesense Zacarias Sitônio, Gonzaga adentrou na seara política já em 1951, quando se elegeu vereador representando o Distrito de Tavares. Reelegeu-se em 1955 e, em 1959, foi eleito vice-prefeito de Princesa. Nessa eleição, dando mostras de que já se apresentava como uma liderança nascente obteve mais votos do que o candidato a vice do prefeito que foi eleito, tendo também recebido mais sufrágios do que o candidato a prefeito de seu partido (que foi derrotado). Pela primeira vez na história política de Princesa foi eleito um vice-prefeito adversário do prefeito eleito, ainda por cima, tirando mais votos do que este. Já em 1960, com a Emancipação Política do Distrito de Tavares, que se transformou em município, por unanimidade o PSD – Partido Social Democrático escolheu Gonzaga Bento como candidato a prefeito daquela nova cidade. Nesse pleito, concorreu como candidato único e, eleito, renunciou ao mandato de vice-prefeito de Princesa, assumindo a prefeitura de sua terra natal. Em 1963, diante do impasse de seu partido em conseguir um candidato competitivo para enfrentar o velho cacique Nominando Muniz Diniz (“seu” Mano), nas eleições para prefeito de Princesa, Gonzaga foi convocado para essa difícil tarefa e, sem se intimidar com a desafiadora empreitada, ousadamente aceitou concorrer nesse pleito. Renunciou ao mandato de prefeito de Tavares e candidatou-se a prefeito de Princesa, a cidade que era tida como a capital da região, pelo PSD, tendo como seu companheiro de chapa (vice), seu guru político, o ex-prefeito Zacarias Sitônio. Abertas as urnas, constatou-se a grande surpresa: Gonzaga Bento derrotou “seu” Mano. Fez boa administração, mas não conseguiu eleger o sucessor. A partir de 1968, com as sucessivas vitórias eleitorais do grupo liderado por Nominando Diniz, Bento afastou-se da política princesense, indo residir na capital paraibana. Em 1982, novamente convocado pelo partido, aceitou candidatar-se mais uma vez a prefeito de Princesa, quando foi eleito, ocasião em que derrotou Antônio Nominando Diniz Filho (Totonho). Desta feita, hegemonizou-se na política de sua terra quando conseguiu eleger o sucessor: Assis Maria e, mais uma vez, ser eleito prefeito em 1992, comandando assim os destinos de Princesa por longos e consecutivos 18 anos. Com esse mandato, Gonzaga encerrou sua participação na política como candidato a cargos eletivos. Foi um dos poucos políticos princesenses que nunca perdeu uma eleição. Teve apenas uma frustração em sua carreira política: desejava ter sido candidato a deputado estadual, no que foi barrado pelo cunhado Aloysio Pereira. Em sua vida pública, Gonzaga deixou o exemplo de homem cordato, generoso, carismático e respeitador. Bom articulador sabia como ninguém, apaziguar ânimos e formar alianças. Tinha, na ponta da língua, a famosa frase atribuída ao presidente Getúlio Vargas: “Devemos ter muito cuidado no trato político, pois, os adversários de hoje, podem ser os correligionários de amanhã”. Era mestre em resolver problemas criados por situações extremas e estava sempre pronto para, na política, ajuntar os cacos que Aloysio Pereira espalhava. Diferente do cunhado sabia contemporizar e jamais polemizava fortemente com os adversários. No exercício dos três mandatos como prefeito de Princesa, destaco, dentre várias, três principais e importantes obras executadas por Gonzaga Bento: a construção do Estádio Municipal “O Gonzagão” e a construção e instalação das duas maiores escolas municipais: “Professora Alice Maia” e “Carlos Alberto de Medeiros Duarte Sobreira”. Por tudo isso, é Gonzaga Bento, considerado um dos maiores políticos de Princesa. Em seu dia-a-dia levava vida simples. Gostava da vida no campo preferindo passar grande parte de seu tempo, na sua fazenda “Vale Verde”, próxima à cidade de Princesa. Aos domingos, gostava de receber amigos, no palacete onde morava e de tomar algumas lapadas de cachaça antes do almoço, ocasião em que ouvia na vitrola, músicas de Luiz Gonzaga; Nelson Gonçalves; Martinho da Vila; Clara Nunes e outros grandes cantores brasileiros. Gostava também de ouvir o violão do conterrâneo “Canhoto da Paraíba” e o saxofone de seu amigo e correligionário Manoel Marrocos. Sem estar mais no exercício de mandatos eletivos, faleceu, Gonzaga Bento, de infarto fulminante, aos 73 anos de idade, em 05 de setembro de 2002. Pelo muito que representou na política princesense e, na qualidade de haver sido o homem que por mais tempo governou o município, está esse ilustre filho da nossa Terra, a merecer pontuar no quadro de honra daqueles que ajudaram a construir a história recente de Princesa.

(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 05 DE JULHO DE 2019).