BELARMINO MEDEIROS, mais conhecido como “Belo
Medeiros”, nasceu em Princesa, em 22 de setembro de 1908 e era filho de Plácido
José de Medeiros e de dona Filomena Leandro. Casou-se com dona Rosenda Frazão,
que era filha do major José Frazão e neta do major Feliciano Rodrigues
Florêncio, com quem teve um filho chamado Robson. Belo Medeiros, estudou as
primeiras letras na escola do professor Adriano Feitosa e completou o curso
primário, já rapaz, no Grupo Escolar “Gama e Melo”. Autodidata, Belarmino
sempre foi afeito ao hábito da leitura e tinha especial predileção pela poesia.
Assim, mesmo sem completar seus estudos de maneira formal, tornou-se um
intelectual pelo vasto conhecimento adquirido através das contumazes leituras e
das várias viagens que empreendeu por todo o Brasil. Ainda muito jovem
tornou-se gerente da “Casa Estrêla”, estabelecimento comercial de seu rico
irmão, Sebastião Medeiros. Extraído do
livro de minha autoria: “Princesa – História e Voto”, temos: A “Casa Estrêla”, fundada em 1927, já
naquela época expandia suas ações comerciais em duas filiais: uma no vizinho
distrito de Tavares e a outra no distrito de Alagoa Nova (atual Manaíra). Tinha
também – o negócio de Sebastião -, muita influência nas comunas do Vale do
Piancó, vendendo em grosso para as praças de Nova Olinda, Sant’Ana, Conceição,
Misericórdia (atual Itaporanga), dentre outras.”. Como vemos, a casa
comercial gerenciada por Belo era um empório de grande importância, o que
denota a capacidade administrativa do nosso biografado. Saído da gerência da
Casa Estrêla, Medeiros, após casar-se, mudou-se para a cidade de Rio Branco
(atual Arcoverde) no estado de Pernambuco. Ali administrou uma farmácia e, como
sempre, levava uma vida muito movimentada no campo social. Era o que podemos
chamar de bom vivant. Bem apessoado e vaidoso, gostava e sabia
desfrutar os prazeres da vida. Em 1955, já rico e residindo em Rio Branco
chegou ao auge quando teve o privilégio de ser o condutor - em seu automóvel
americano da marca pontiac -, do
então candidato à presidência da República, Juscelino Kubitschek, quando da
visita eleitoral deste, àquela cidade, do campo de pouso até o centro de Rio
Branco.
Incursão
na política
Em 1951, Belarmino
foi escolhido pelo PSD – Partido Socialista Democrático - liderado pelo então
deputado federal Alcides Vieira Carneiro -, para concorrer como candidato a
vice-prefeito de Princesa, na chapa encabeçada por Zacharias Sitônio. Eleito,
tomou posse no cargo de vice-prefeito em 30 de novembro daquele ano, ocasião em
que foi escolhido para fazer o discurso oficial de posse. Pereirista que era, aproveitou a oportunidade para fazer uma
homenagem ao coronel José Pereira, falecido dois anos antes, no que perorou: “(...) a grande figura do coronel José
Pereira Lima, que, apesar do falecimento, o mesmo não passa por esquecido,
porque o povo jamais esquecerá aquele grande político sertanejo que batalhou,
como chefe político local e deputado estadual, pelo constante engrandecimento
da nossa terra (...)”. Por motivo do afastamento do prefeito Zacharias
Sitônio, pela Justiça Eleitoral, Belo Medeiros assumiu o governo,
interinamente, em 1º de outubro de 1952, permanecendo na chefia da
administração Municipal até o dia 08 de novembro desse mesmo ano.
O intelectual
Belo Medeiros
tinha vasta biblioteca e recitava décor obras completas dos renomados poetas
Augusto dos Anjos e Castro Alves. Fazia também as suas. Há quem diga que
elaborou um trabalho literário sobre dramaturgia e que entendia e falava
algumas palavras do idioma francês e que, em seu périplo – tendo viajado muitas
vezes ao Rio de Janeiro -, conheceu muitas personalidades da política e da
intelectualidade nos cabarés chiques da “Lapa” carioca. Foi Belo Medeiros quem
sugeriu que o nome da rua onde - a partir da década de 1940 -, passou a
funcionar o Cabaré de Princesa, fosse denominada de “Rua da Lapa”. Lamentavelmente
nada consegui recolher para aqui reproduzir. Além do amor pelas letras,
Medeiros era também um exímio contador de histórias, o que aprendera, em parte,
pelo gosto de conversar com os mais velhos. Mesmo muito jovem, era muito amigo
do major Feliciano Florêncio com quem encetava longas conversas por admirar a
inteligência e a presença de espírito do velho, que era avô de sua esposa; com
isso, muito do que Feliciano sabia e lhe disse, Belo reproduziu em conversas
com os amigos, pena que muito disso ficou esquecido e sem nenhum registro. Conta-se
que o major Feliciano não gostava do sobrenome “Medeiros” por conta de uma rixa
antiga com um importante membro daquela família e brincava com Belarmino
dizendo ser o mesmo de “raça ruim”, acrescentando que, os “Medeiros” eram uma
corruptela de “merdeiros” (aqueles que conduziam ancoretas contidas da merda
produzidas pelos ricos para serem despejadas todos os dias). Dizia o velho, com
deboche, que Belo vinha dessa descendência. Porém, tudo não passava de
divertida brincadeira. Belo Medeiros que fez sucesso nos negócios e na política
faleceu, pobre e quase nonagenário, na cidade de João Pessoa e está para Princesa
como um seu patrimônio cultural, uma vez representar a alta sociedade e haver
sido membro da intelectualidade e da política princesense.
(Escrito por Domingos Sávio Maximiano
Roberto, em 27 de agosto de 2019).
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