A “BONECA DE MARIA AURORA”
Nominando Diniz Neto, mais conhecido por “Manito”, filho do
falecido advogado José Nominando Diniz e, portanto, neto do líder Nominando
Muniz Diniz (“seu” Mano), dizia que sua tia Maria Aurora Diniz (chamada
carinhosamente, pelos familiares, agregados e pessoas íntimas, de “Tita”),
possuía uma boneca de louça que lhe havia sido presenteada por dona Zelita
(esposa do médico e político doutor Severiano dos Santos Diniz), trazida de sua
terra natal, Salvador, no estado da Bahia quando de uma de suas visitas àquela cidade para
rever familiares. A Boneca reza o folclore político de Princesa, tinha poderes
sensoriais e previa vitórias e derrotas eleitorais. Adivinhava e avisava quando
a campanha eleitoral era positiva ou negativa para o grupo liderado por
Nominando. Agregados da casa de “seu” Mano, diziam que a Pitonisa eleitoral,
quando perguntada por Tita, se o candidato do partido ganharia a eleição, ela
[a Boneca], balançava a cabeça, afirmativa ou negativamente. Esse ritual era
repetido várias vezes durante a campanha, dando assim, oportunidade de quando a
Boneca afirmasse, através de gestos, que a eleição estava difícil de lograr
êxito, fossem feitas as necessárias correções de rumo, para que ela mudasse de
opinião.
Punição e afago
Segundo Manito, quando o Brinquedo Adivinhão insistia na
negativa de sucesso eleitoral, era punido ficando posto de castigo ou levando
surras infligidas por Maria Sérgio (conhecida intimamente por “Tatá”) que era
uma figura estranha e exótica pelo fato de vestir-se toda de preto, com um véu
também negro a lhes cobrir a cabeça, deixando à mostra apenas as mãos e o rosto
contido de um grande nariz; além de apoiar-se constantemente num guarda-chuva
que, se fora uma vassoura, lhes cairia mais adequado. Tatá era irmã de dona
Aurora Diniz, portanto, cunhada de Nominando e tia de Tita. Quando, porém, a Boneca
assentia afirmativamente, acordando com a perspectiva de êxito nas urnas,
mantinham-se os candidatos e cabos eleitorais pisando em ovos, seguindo o mesmo
comportamento e as mesmas diretrizes até ali adotados, aguardando apenas a
confirmação da vitória. Nesses momentos a Boneca era tratada a pão-de-ló.
Eram-lhes dados banhos; ganhava novas roupas; sendo também, cumulada de afagos
vários. Para esses cuidados, tinha a Calunga Adivinhona, designadas, as
agregadas Raimunda de Pajeú e Maria Mombaça. Porém, no mais das vezes, algumas
pessoas recém-ligadas ao partido, os “Cristãos Novos”, para confirmarem sua
ainda duvidosa lealdade, se dispunham, esmeradamente, a cuidar da Boneca de
Maria Aurora. Dizem a boca pequena, que, até banhos de sais e ervas eram dados
no brinquedo que adivinhava.
Misterioso fim
Depois da morte de Tita, no ano de 2002, a chamada “Boneca de
Maria Aurora”, desapareceu misteriosamente. Se folclore ou não, a verdade é que
essa história é de domínio público. A maioria dos membros da família Diniz
dizia e diz, ainda hoje, que essa estória foi criada pelos adversários com o
intuito de atribuir a Maria Aurora práticas de bruxaria, porém, a conotação
dada por Manito era puramente folclórica e, claro que jamais envolvendo atos de
feitiçaria, pois, Tita era mesmo muito religiosa e não afeita a essas atividades.
Na verdade, a famigerada Boneca tem mesmo é o condão de enriquecer o folclore
político de Princesa.
(Escrito por Domingos Sávio Maximiano
Roberto, em 24 de dezembro de 2019).
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