ODE

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS ENGRAÇADAS DE PRINCESA





A “BONECA DE MARIA AURORA”

Nominando Diniz Neto, mais conhecido por “Manito”, filho do falecido advogado José Nominando Diniz e, portanto, neto do líder Nominando Muniz Diniz (“seu” Mano), dizia que sua tia Maria Aurora Diniz (chamada carinhosamente, pelos familiares, agregados e pessoas íntimas, de “Tita”), possuía uma boneca de louça que lhe havia sido presenteada por dona Zelita (esposa do médico e político doutor Severiano dos Santos Diniz), trazida de sua terra natal, Salvador, no estado da Bahia quando  de uma de suas visitas àquela cidade para rever familiares. A Boneca reza o folclore político de Princesa, tinha poderes sensoriais e previa vitórias e derrotas eleitorais. Adivinhava e avisava quando a campanha eleitoral era positiva ou negativa para o grupo liderado por Nominando. Agregados da casa de “seu” Mano, diziam que a Pitonisa eleitoral, quando perguntada por Tita, se o candidato do partido ganharia a eleição, ela [a Boneca], balançava a cabeça, afirmativa ou negativamente. Esse ritual era repetido várias vezes durante a campanha, dando assim, oportunidade de quando a Boneca afirmasse, através de gestos, que a eleição estava difícil de lograr êxito, fossem feitas as necessárias correções de rumo, para que ela mudasse de opinião.

Punição e afago

Segundo Manito, quando o Brinquedo Adivinhão insistia na negativa de sucesso eleitoral, era punido ficando posto de castigo ou levando surras infligidas por Maria Sérgio (conhecida intimamente por “Tatá”) que era uma figura estranha e exótica pelo fato de vestir-se toda de preto, com um véu também negro a lhes cobrir a cabeça, deixando à mostra apenas as mãos e o rosto contido de um grande nariz; além de apoiar-se constantemente num guarda-chuva que, se fora uma vassoura, lhes cairia mais adequado. Tatá era irmã de dona Aurora Diniz, portanto, cunhada de Nominando e tia de Tita. Quando, porém, a Boneca assentia afirmativamente, acordando com a perspectiva de êxito nas urnas, mantinham-se os candidatos e cabos eleitorais pisando em ovos, seguindo o mesmo comportamento e as mesmas diretrizes até ali adotados, aguardando apenas a confirmação da vitória. Nesses momentos a Boneca era tratada a pão-de-ló. Eram-lhes dados banhos; ganhava novas roupas; sendo também, cumulada de afagos vários. Para esses cuidados, tinha a Calunga Adivinhona, designadas, as agregadas Raimunda de Pajeú e Maria Mombaça. Porém, no mais das vezes, algumas pessoas recém-ligadas ao partido, os “Cristãos Novos”, para confirmarem sua ainda duvidosa lealdade, se dispunham, esmeradamente, a cuidar da Boneca de Maria Aurora. Dizem a boca pequena, que, até banhos de sais e ervas eram dados no brinquedo que adivinhava.

Misterioso fim

Depois da morte de Tita, no ano de 2002, a chamada “Boneca de Maria Aurora”, desapareceu misteriosamente. Se folclore ou não, a verdade é que essa história é de domínio público. A maioria dos membros da família Diniz dizia e diz, ainda hoje, que essa estória foi criada pelos adversários com o intuito de atribuir a Maria Aurora práticas de bruxaria, porém, a conotação dada por Manito era puramente folclórica e, claro que jamais envolvendo atos de feitiçaria, pois, Tita era mesmo muito religiosa e não afeita a essas atividades. Na verdade, a famigerada Boneca tem mesmo é o condão de enriquecer o folclore político de Princesa.


(Escrito por Domingos Sávio Maximiano Roberto, em 24 de dezembro de 2019).

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