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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

PERFIS DE PRINCESENSES ILUSTRES





NÉLSON BARBOSA DE ARAÚJO nasceu em Princesa, em 27 de maio de 1962. Filho do agricultor João Barbosa de Lima e de dona Anália Alves de Araújo Lima. Estudou as primeiras letras e o curso fundamental na Escola Municipal Rural Mista do sítio “Saco dos Deodatos”. Adolescente, veio para Princesa onde fez os cursos ginasial e médio na Escola Cenecista “Nossa Senhora do Bom Conselho”. Desde criança, apresentou pendores para a arte das letras na modalidade poesia e cordel. Terminadas as jornadas educacionais que poderiam ser feitas em Princesa, Nélson transferiu-se para a capital do Estado, João Pessoa, onde prestou vestibular e iniciou o curso de graduação em Letras. Formado, fez Mestrado e Doutorado, tudo isso na UFPB – Universidade Federal da Paraíba. Finda essa etapa, preparou-se, em pós-doutoramento pela Universidade de Portugal.

Intelectual das letras e sua produção literária

Ao completar seus estudos, Nélson Barbosa, preparadíssimo, já era um virtuose na feitura de poesias e exímio contador de histórias, principalmente das que tratam do folclore do sertão e das coisas que dão conta da famosa “Guerra de Princesa”. Empedernido amante de Princesa e regionalista por excelência, homem que cultua os símbolos e as indumentárias que caracterizam o homem do sertão, Nélson Barbosa nunca esqueceu a Terra, tendo-a sempre como tema de suas criações literárias. Sobre nosso biografado, escreveu a jornalista e crítica de arte, Cibelly Correia, no Jornal “Contraponto”, em janeiro de 2012:

“Ele me disse que quando nasceu, surgiu nas redondezas uma grande questão: ninguém sabia dizer se ele era doido ou poeta; mas foi o escutando que cheguei a uma conclusão: se ele era doido? Eu não sei. Se ele era poeta? Eu pensei, deve haver um pouco de loucura e poesia nas rimas desse contador, na qual a realidade e a fantasia se misturam para contar as milhões de histórias que Nélson Barbosa tem para falar”.

Criado na Zona Rural, onde se dissemina com paixão a prática das cantorias promovidas por cordelistas, Nélson cresceu nesse meio e, além de já naturalmente propenso a essa arte, teve o incentivo doméstico da mãe Anália, de quem certamente herdou a tendência para fazer versos, e de seu tio Laurindo Antônio de Medeiros, grande cordelista e charadista da “Escorregada”. Desde criança, adorava escrever cordéis, principalmente sobre a invasão (que não houve) de Princesa. Hoje, tem decorado todos os ritmos e modalidades da cantoria. Com já vimos, além da graduação em Letras, Barbosa tem especialização em pedagogia e é mestre em Semiótica e Linguística e doutor em Literatura Oral e Tradicional. Segundo reportagem assinalada no Jornal “Contraponto”, datada de janeiro de 2012: “(...) Apaixonado pela história da cidade onde nasceu Nélson focou seus estudos para contar a Guerra de Princesa, no contexto da Revolução de 30, sob o ponto de vista do povo”. Nas palavras do nosso biografado: “Eu que vim de lá escutando meu pai e todo o povoado dizer: ‘Foi bem ali que aconteceu isso e aquilo’. Fiquei com isso na cabeça. Então resolvi fazer meu trabalho de mestrado e do doutorado expondo a Guerra sob a visão dos moradores. Em 1999, com uma ideia e uma câmera na mão, me ‘mandei’ para Princesa, para entrevistar essas pessoas que brigaram na guerra ou que foram testemunhas oculares”. Amante da literatura regional e folclorista escreveu um livro em cordel intitulado: “A Caipora e o Fim do Mundo”. Defensor da natureza, Nélson Barbosa escreveu, em 2011, um trabalho tratando de um massacre de quatorze gatos ocorrido nas dependências da UFPB, que nominou de: “Massacre dos Gatos”. O nosso cordelista lançou também, em 2009, o curta-metragem: “Casa de Lirismo”. Esse documentário foi gravado em sua própria casa e mostra toda a sua poesia, através das rimas, mostrando as ficções e as lendas, na qual os personagens tentam dar vida às suas histórias. O filme em tela foi premiado no Festival Internacional de Curtas em São Paulo e exibido no Cineport – Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa.

Auto definição do poeta e algumas estrofes

Nas palavras de Nélson Barbosa, o poeta se auto define: “Minha poesia é a alma da poesia sertaneja. Ela é essencialmente popular e dispensa o dicionário. Meu poema tem tradição dos dizeres populares e tudo o que está implantado na mente desse sertanejo ao longo do tempo, tem humor e uma mensagem de cunho social. Minha narrativa sempre tende a voltar à natureza e mostrar toda a grandeza que está nas estrelas”. Em reconhecimento e agradecendo ao jornal “Contraponto”, que lhe prestou homenagem em vasta reportagem sobre sua arte e sua vida, Nélson fez de improviso, alguns versos que consideramos importante aqui reproduzi-los:

A marca desse Jornal
É fruto de um grande encontro
Entre os mestres da palavra
Da poesia e do conto
Pelo Carvalho da Lei
Seu nome já decifrei:
É o JORNAL CONTRAPONTO.

É barato e tem desconto
Quão verdadeiro e profundo
Por isso que é um sucesso
Seu conteúdo fecundo
É a senha da verdade,
Noticiando a Cidade,
Estado, Brasil e Mundo.

É primeiro sem segundo
É signo universal
Que me inspira um apelo
Para a força divinal
Proteger, nesse ano novo
O Contraponto do povo
Tão precioso Jornal.

Nélson Barbosa de Araújo, esse princesense que engrandece a nossa terra quando, através de sua arte, divulga sua história aos quatro cantos com exímia competência e criatividade, está a merecer ser inscrito no rol dos filhos ilustres de Princesa.

ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 31 DE DEZEMBRO DE 2019.

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